Tarifas
públicas chegam a 30% de aumento, enquanto salário mínimo cresceu 8,8%
Ana Alice Costa é dona de uma casa com três
pessoas: ela, o namorado e a filha. Do mês passado para este, Ana Alice passou
a receber contas de luz 35% mais caras. “Em março passado eu paguei R$ 170 de
conta e neste mês já veio R$ 227”, reclama a cabeleireira. Mesmo desligando os
aparelhos eletrônicos e reduzindo o tempo do banho a conta continua alta, diz.
“E de onde tirar dinheiro para pagar esse
aumento?”. Ana Alice afirma que, por conta dos aumentos, os clientes do seu
salão de cabeleireiro também diminuíram gastos e estão usando menos o seu
serviço. “O jeito é apertar as contas”, completa.
Esta é a situação de milhões de mineiros desde o
início deste ano, quando as contas de energia e água começaram a ter grandes
reajustes.
Água e luz: vilãs do orçamento
Segundo informações da Copasa e da Cemig, no mês de
abril foi aprovado mais um aumento para cada uma das tarifas.
A conta de luz ganha, assim, o seu segundo aumento
do ano. O primeiro, aprovado em dois de março, foi considerado um reajuste
extraordinário e resultou em 21,39% a mais na conta. O segundo, feito todos os
anos na mesma data, foi aprovado em oito de abril e aumenta o preço da energia
em 5,9%.
Além destes reajustes, concedidos à Cemig pela
Aneel (Agência Nacional de Energia Elétrica), o governo federal aprovou a
implantação das bandeiras tarifárias, que traz acréscimos de acordo com o uso
ou não das usinas térmicas. Ou seja, quando a produção hidrelétrica do país não
for suficiente.
A conta de água também ficará mais cara a partir de
13 de maio. O aumento aprovado pela Arsae (Agência Reguladora de Serviços de
Abastecimento de Água e de Esgotamento Sanitário do Estado de Minas Gerais) é
de 15,04%. De acordo com a Copasa, o reajuste da energia elétrica foi o
principal fator para a elevação das tarifas de água e esgoto.
Enquanto isso, a progressão do salário mínimo ficou
em 8,8% de 2014 para 2015. O valor saltou de R$ 724 para R$ 788, a partir de
janeiro deste ano. E segundo o economista João Antônio de Paula, professor da
Faculdade de Economia da UFMG, o aumento das tarifas tende a atingir pessoas
que dependem de salários mínimos.
Para o economista, o imposto embutido nas contas de
energia e água é um dos grandes problemas. “A carga tributária no Brasil, que é
em torno de 37%, recai no consumo em geral e penaliza aqueles que ganham
menos”, afirma. Uma das possibilidades, segundo João Antônio, seria a
redistribuição tributária, em que os impostos caíssem mais sobre a renda,
patrimônio, grandes fortunas, e menos sobre os serviços.
03/05/2015 / Por
Rafaella Dotta / De Belo Horizonte (MG)
Fonte: Brasil de Fato
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