Instituto não em materiais
básicos para o atendimento aos pacientes.
ALESSANDRA HORTO E HELIO ALMEIDA
Rio - Referência no país, o Instituto Nacional
do Câncer (Inca) está funcionando sem os materiais básicos para o atendimento
aos pacientes. Faltam medicamentos, anestesias, seringas, gaze, curativos e
etiquetas para bolsas de sangue. Entre o governo e os pacientes estão
servidores, que ficam sem procedimentos de proteção. Equipes inteiras acabam
sendo prejudicadas.
“Não temos roupas para fazer cirurgias, temos que
pedir emprestado para outras unidades que também sofrem com falta de material.
E essas roupas não são esterilizadas. Estamos correndo risco para atender”,
relatou uma enfermeira da unidade da Praça Cruz Vermelha, no Centro, que
preferiu não se identificar. Um comunicado interno mostra a
vulnerabilidade da instituição. O documento, direcionado aos funcionários, diz
que faltam 103 materiais vitais hospitalares.
“Desde 2004, há uma mobilização para lidar com cortes
orçamentários. Nosso critério para priorizar necessidades e autorizar gastos é
o cumprimento de demandas judiciais”, informa um trecho do comunicado.
Com a carência de insumos, as cirurgias estão sendo
canceladas, o que impossibilita a sobrevida do paciente que já está debilitado.
A falta está levando o Serviço de Hemoterapia do Inca a recorrer a outros
hospitais para empréstimo de materiais.
“A falta de material é uma extensão das condições a
que somos submetidos, que já sofremos com sobrecarga de trabalho em virtude do
déficit de pessoal e de concursos”, desabafa um servidor. Na ponta do
problema, os pacientes reclamam da falta de estrutura. “Falta todo material
para fazer enfaixamento”, disse uma paciente da Fisioterapia na porta do Inca.
“Já vi no CTI com dez leitos os enfermeiros trocarem as roupas de apenas três
pacientes porque não havia mais material”, disse a filha de uma paciente no
Inca.
O Sindsprev, que representa a categoria, denunciou
o caso ao Ministério Público Federal com pedido de ação pública, que aguarda a
distribuição à Procuradoria da República. Também prestou queixa na Ouvidoria do
Ministério da Saúde e pediu explicações ao Núcleo Estadual do Rio de Janeiro.
ESTOQUES REVISTOS
No comunicado enviado aos funcionários, é dito que
a situação do Inca acompanha o cenário econômico atual do país e que ainda
sente o arrocho vivenciado em 2014. Em resposta à coluna, o Inca informou que
há um processo de regularização, mas não disse prazo para normalização dos
estoques. O órgão ressaltou que o problema não afeta o tratamento aos
pacientes.
INDIGNAÇÃO
As explicações dadas, na véspera do Dia do
Trabalhador, pela direção do Inca para a crise de desabastecimento que assola a
instituição provocaram indignação entre funcionários. Os servidores públicos
afirmaram que o instituto passa por um processo de sucateamento e que acreditam
que o hospital pode ser privatizado caso continuem com o descaso.
Fonte: O Dia
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