Comando do Exército
Ordem do Dia
Dia do Soldado 25 Agosto 2018
Em 1º de Março de 1845, Caxias, então
vencedor da Guerra dos Farrapos, celebrou a Paz de Ponche Verde. A conclamação
final sintetizava seu espírito pacificador: “Abracemo-nos e unamo-nos, não
peito a peito, mas ombro a ombro, em defesa da Pátria, que é a nossa mãe
comum”, mostrando que somente a superação dos antigos e injustificáveis
antagonismos abriria caminho para a construção de um futuro grandioso.
Ao celebrarmos 215 anos de seu nascimento, nunca foi tão importante ao Brasil
enaltecer as qualidades desse brasileiro exemplar.
Os herdeiros de Caxias
têm se superado, diariamente, para honrar seu legado, ao atuar, de forma
anônima e abnegada, em benefício da população, onde e quando for preciso.
Hoje, passados dois séculos de seu batismo de fogo, o espírito pacificador de Caxias,
mais do que nunca, faz-se necessário ao Brasil.
Vivemos uma era de
conflitos e incertezas, na qual os individualismos se exacerbaram e o bem comum
foi relegado a segundo plano.
Perdemos a disciplina social, a noção de autoridade e o respeito às tradições e
aos valores, o que nos tornou uma sociedade ideologizada, intolerante e
fragmentada. Estamos nos infelicitando, diminuindo nossa autoestima e alterando
nossa identidade.
Somos um grande país, que não consegue vislumbrar um projeto para o seu futuro,
nem, tampouco, identificar qual o papel a exercer no concerto das nações.
Para superar tantos desafios, tornou-se frequente o emprego das Forças Armadas
em missões variadas, como as de garantia da lei e da ordem, atendendo prontamente
ao chamado de diversas Unidades da Federação.
Atuamos no Rio Grande do Norte, no Espírito Santo e, particularmente, no Rio de Janeiro, onde a
população alarmada deposita esperanças em uma intervenção que muitos,
erroneamente, pensam ser militar.
Passados seis meses, apesar do trabalho intenso de seus responsáveis, da
aprovação do povo e de estatísticas que demonstram a diminuição dos níveis de
criminalidade, o
componente militar é, aparentemente, o único a engajar-se na missão.
Exigem-se soluções de curto prazo, contudo, nenhum outro setor dos governos locais empenhou-se, com
base em medidas socioeconômicas, para modificar os baixos índices de
desenvolvimento humano, o que mantém o ambiente propício à
proliferação da violência.
Apesar de admitirmos que as leis vigentes devam ser modificadas com urgência,
continuamos a proceder com naturalidade em
face à barbárie de perder mais de 63.000 vidas por ano.
Enquanto isso, há
soldados nas fronteiras, ainda que lhes faltem recursos para uma eficaz e
rápida atuação.
Há soldados em
Pacaraima, porta de entrada da Venezuela para o Brasil, tentando minimizar uma
tragédia humanitária, que está sendo acompanhada com preocupação pela
comunidade internacional.
Há soldados distribuindo água no semiárido nordestino há mais de 15 anos.
Há soldados trabalhando na nossa infraestrutura, na distribuição de vacinas, e
na garantia da votação e apuração.
Soldados foram chamados para vistoriar presídios e superar a grave crise de
abastecimento, só contornadas graças ao espírito conciliador que trazem dentro
de si.
Vivemos tempos atípicos. Valorizamos a perda das vidas de uns em detrimento das
de outros. Há quatro dias, durante operações no Rio de Janeiro, perdemos o cabo Fabiano de Oliveira Santos e
o soldado Marcus
Vinícius Viana Ribeiro, ambos do 2º Batalhão de Infantaria
Motorizado, além do soldado
João Viktor da Silva, do 25º Batalhão de Infantaria
Paraquedista. Suas mortes tiveram repercussão restrita, que nem de longe
atingiram a indignação ou a consternação condizente com os heróis que honraram
seus compromissos de defender a Pátria e proteger a sociedade.
Como eles, há soldados das três Forças Armadas que têm sacrificado suas vidas
para que o futuro do Brasil seja diferente. É chegada a hora de dizer basta ao
diversionismo, à radicalização retrógrada e à fragmentação social.
Urge retomar o espírito
pacificador de Caxias, que soube, respeitando as diferenças, encontrar um
caminho de sinergia e de coesão para o País.
Meus comandados!
É preciso que busquemos a união, com espírito público, sacrifício e ética.
O Brasil tem pressa para reencontrar sua identidade.
Que as inúmeras virtudes do “Duque de Ferro” nos sirvam de inspiração.
Que nessa hora, coberta de dúvidas, sejamos corajosos para nos despojarmos
daquilo que nos desagrega.
Nós, soldados da Pátria, não podemos temer. O Brasil e os brasileiros serão
sempre a nossa servidão.
Gen
Ex Eduardo Villas Boas
Comandante do Exército Brasileiro
Fonte: defesanet
Itálicos DefesaNet
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