Carlos
Madeiro
Do UOL, em Maceió 25/02/201506h00 > Atualizada 25/02/2015 12h46
A história do adolescente Thompson
Vitor, 15, poderia ter passado longe dos estudos.
Filho de uma ex-catadora de
lixo, o jovem investiu alto na educação e foi aprovado no curso de multimídia
do IFRN (Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia do Rio Grande do
Norte).
Com a nota 846 -- numa escala que vai até 1.000 --, ele foi o primeiro
colocado geral na seleção do instituto.
A matrícula para o curso ocorreu na
terça-feira (24), e as aulas começam no dia seis de maio no campus Cidade Alta,
na capital do Rio Grande do Norte.
Filho do meio, Thompson mora em uma pequena casa alugada por R$ 300 no
Paço da Pátria, zona leste de Natal.
Na infância, a família morava na favela da
Maré, uma região ainda mais pobre que a atual e marcada pela violência e pelo
tráfico de drogas.
Foi uma atitude da sua mãe que o levou para uma vida voltada aos
estudos.
Livros no lixo
"Eu
catei lixo por 10 anos e passava sempre pelos locais onde os ricos moravam, ali
achava livrinhos.
Trazia para eles, os botava sentadinhos. Não sabia ler muito,
mas lia o que entendia para eles.
Também lia livrinhos que as Testemunhas de
Jeová davam, comprava a bíblias infantis.
Eu os enchia de leitura, e eles iam
aprendendo, foram tomando gosto", conta a mãe do jovem, Rosângela da Silva
Marinho, 40, que cursou apenas até a 5ª série (atual 6º ano).
O jovem Thompson conta que está orgulhoso com o acesso a um curso num
instituto federal, mas se disse surpreso com o resultado. "Se soubesse que
tiraria uma nota tão boa teria feito outro curso.
Estava inseguro, por isso
tentei um curso novo, num campus perto de casa. É uma área que gosto, mas que
não conhecia tanto", diz.
Para chegar à melhor pontuação na seleção do instituto, Thompson afirma
que não precisou virar noites de estudo. "Até o ano passado estudava cinco
horas por dia, mas ano passado estudei apenas duas. Sempre tive facilidade com
aprendizado, gosto de ler", afirmou.
Após os quatro anos do curso técnico, ele já planeja estudar direito e,
assim, quem sabe, dar uma vida melhor para sua família. "Não vou desistir
do curso técnico, vou até o fim. Estou ansioso para começar as aulas e começar
a ter novos conhecimentos", disse.
Segundo o IFRN, a seleção do instituto ofertou, ao todo, 2.400 vagas.
O
curso escolhido por Thompson teve concorrência de 9,29 por vaga e foi um dos mais
disputados.
Fonte: UOL Educação
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