Bruno Alfano
“Tia, quando
vai ter comida?” A pergunta de uma aluna da rede municipal corta o coração da
funcionária. Na escola, só há uma merendeira para 510 alunos, o que torna
impossível o preparo das refeições.
Por isso, desde o começo do ano, as
crianças estão fazendo apenas lanches na unidade. Em vez de arroz e feijão, um
pacote de biscoito água e sal — como o EXTRA flagrou ao fim do turno da manhã
na Escola Municipal Belmiro Medeiros, na Ilha do Governador, sexta-feira.
Em
outros casos, o que falta é alimento, e a comida é racionada. Como na creche
Casa de Realengo, que, em vez de um copo de leite, cada criança recebe a
metade.
— A criança que não gosta de leite dá sua parte
para a outra. De fruta, só chega o suficiente de banana. Maçã, a gente precisa
dividir em quatro — explica uma funcionária.
O berçário da creche está funcionando apenas em
horário parcial por, segundo funcionários, falta de agentes de educação
infantil. É comum, dizem eles, assim como em outras unidades, que eles fiquem
sozinhos com 25 crianças, o que é proibido por lei. O profissional tem que
estar acompanhado de um professor de educação infantil, e o máximo deve ser de
oito alunos por professor no berçário.
Já
a falta de merendeiras atinge, pelo menos, nove unidades da rede. Há
atualmente, além das contratadas, 1.245 merendeiras em atividade — as outras
3.071 concursadas estão readaptadas ou licenciadas. O grande número de baixas
(71% do total) se deve, segundo as profissionais, à sobrecarga de trabalho. O
edital do concurso no qual foram aprovadas previa que a funcionária serviria
140 refeições. Hoje, com a falta de pessoal, há unidades escolares em que uma
única merendeira cozinha para 400 pessoas.
— Muitas dessas servidoras já não
têm condições físicas de suprir a demanda, e é preciso restruturar suas
atribuições para que elas possam se dedicar exclusivamente à fiscalização da
qualidade das refeições e à orientação alimentar dos alunos — afirma o vereador
Paulo Messina (SD), presidente da Comissão de Educação da Câmara, que estuda a
solução, junto à Prefeitura do Rio, através de um projeto de lei que tramita,
alterando as atribuições das merendeiras.
Licitação
A Secretaria municipal de
Educação informou que já havia iniciado o processo licitatório para contratação
de merendeiras para as escolas da rede municipal, que já está em fase de
finalização.
Regionais da Ilha (4ª e 11ª CRE)
As escolas municipais Alfredo
Valadão, Joseph Block, Herbert Moses e São Vicente estão com lanches
emergenciais. A 4ª CRE informou: abastece com frutas, pães, sucos e leite.
Segundo a 11ª CRE, do mesmo
bairro, as escolas municipais Belmiro Medeiros, Rodrigo Otávio e Magdalena
Tagliaferro estão recebendo frutas, pães, sucos e leite.
Santa Cruz (10ª CRE)
A 10ª afirmou que a situação na
Escola municipal Ema D’ávila de Camillis está normalizada.
Casa de Realengo
A 8ª CRE, responsável pela gestão
da creche Casa de Realengo, informou que as manipuladoras preparam todos os
alimentos de maneira específica para facilitar o consumo pelos alunos, seguindo
a quantidade indicada pelo guia alimentar.
Fonte: extra.globo.com
Nenhum comentário:
Postar um comentário