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quinta-feira, 30 de abril de 2015

ISP DIVULGA 10ª EDIÇÃO DO DOSSIÊ MULHER

Estado investe em ações sociais e unidades policiais especializadas.

Grande parte dos delitos cometidos contra as mulheres ocorre no espaço doméstico ou no ambiente familiar. Elas também são a maioria das vítimas em casos de estupro e lesão corporal dolosa. Nessas situações, os agressores são, na maioria dos casos, seus companheiros ou pessoas do convívio familiar. Essas constantações fazem parte da 10ª edição do Dossiê Mulher, divulgada nesta quinta-feira (30/4) pelo Instituto de Segurança Pública (ISP).

– O Dossiê é muito importante para a construção de políticas públicas para melhorar a situação da violência contra a mulher. Sem dados, isso não é possível. Nós acreditamos que não há níveis toleráveis de violência, principalmente a de gênero, que é especialmente covarde. Acho que essa é uma luta não só do poder público, mas também da sociedade. Temos que arrumar formas de mostrar que não suportamos mais isso – disse a secretária de Assistência Social e Direitos Humanos, Teresa Cosentino, durante a divulgação da pesquisa.

Para ajudar na redução desses números, o Governo do Estado investe em programas sociais e na implantação de unidades especializadas. Para atender às queixas do público feminino, o Estado do Rio conta com 14 Delegacias de Atendimento à Mulher (DEAMs) e 13 Núcleos de Atendimento à Mulher (NUAMs). A ideia é levar esse projeto para todas as delegacias legais. Além disso, o governo estadual vem desenvolvendo ações como o Via Lilás, projeto realizado pela Secretaria de Assistência Social em parceria com o Banco Mundial, SuperVia, Secretaria de Transportes e RioSolidario, que prevê a instalação de 93 totens interativos em estações de trem com informações importantes sobre violência doméstica. Até agora, 20 já foram implantados, reunindo 66 mil acessos desde que o programa foi criado, há menos de dois meses.

– A existência desses organismos por todo o estado, como as DEAMs, por exemplo, são fundamentais para o aumento das denúncias. As campanhas de conscientização e todo o aparato com atendimento diferenciado que existe à disposição dessas mulheres para que delatem situações de violência, como leis, núcleos e delegacias especializadas, centros de atendimento, serviços em hospitais, ajudam a empoderar a mulher – afirmou uma das coordenadoras do Dossiê, Andréia Soares Pinto.

A pesquisa comprova ainda que as vítimas do sexo feminino representam a maioria em oito dos 11 ítens analisados: lesão corporal dolosa (64%), estupro (83,2%), tentativa de estupro (91,3%), violação de domicílio (66,7%), supressão de documento (58%), calúnia/injúria/difamação (73,6%), ameaça (65,5%) e constrangimento ilegal (59%). E são minoria em homicídio doloso (8,5%), tentativa de homicídio (12,3%) e dano (49,9%). O detalhamento de alguns desses delitos mostra um percentual significativo de mulheres que são vítimas de violência doméstica e/ou familiar: lesão corporal dolosa (60,5%), ameaça (56,5%), violação de domicílio (42,1%), supressão de documento (42,4%), calúnia/injúria/difamação (40%), dano (48,4%), tentativa de homicídio (35,5%), estupro (31,3%), constrangimento ilegal (31,3%), tentativa de estupro (26,3%) e homicídio doloso (12,4%).

– O estudo é uma ótima ferramenta para traçarmos o diagnóstico da violência contra a mulher em cada região do estado e avaliarmos se as políticas de prevenção à violência são adequadas. A partir disso é que conseguimos elaborar ações e programas para diminuir as desigualdades entre os gêneros. É um trabalho contínuo de enfrentamento do problema e, nos últimos anos, estamos firmes nesse propósito – explicou a subsecretária de Políticas para as Mulheres, Marisa Chaves.

Redução nos números

O Dossiê Mulher 2015 verificou também a redução de alguns delitos relacionados à mulher. Durante o ano passado, houve uma diminuição de 3% no número de vítimas de estupro em relação a 2013. Das 5.676 vítimas desse crime, 4.725 eram do sexo feminino, 45,5% delas entre 0 e 13 anos de idade, ou seja, mais de um terço dos casos.

Os crimes de lesão corporal dolosa também diminuíram: 0,6% menos vítimas mulheres em 2014 do que em 2013. No ano passado, foram 56.031 mulheres vitimizadas, sendo 60,5% originadas por violência doméstica ou familiar – 51,7% delas foram agredidas por companheiros ou ex-companheiros, 2,6% por pais ou padrastos e 17,1% não tinham qualquer relação com o acusado.

As mulheres vítimas de homicídio doloso representaram, em 2014, 8,5% do total de vítimas desse tipo de crime no estado (420 mulheres mortas). De acordo com os dados do ISP, 12,4% delas morreram em situação de violência doméstica ou familiar; 31,4% tinham entre 18 e 34 anos e em 9,8% dos casos os autores eram os companheiros ou ex-companheiros das vítimas.



» Verônica Lopes

Fonte: Imprensa RJ


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