Nos últimos seis anos, acidentes com motos foram responsáveis pelo
crescimento de 115% das internações hospitalares no SUS. Ministério da Saúde
está desenvolvendo proposta de ações para conter a epidemia.
(imagem da internet*) |
A cada ano, cerca de 45 mil pessoas perdem suas vidas em acidentes
de trânsito no Brasil. A violência envolvendo particularmente motociclistas
está se tornando uma epidemia no país.
Dados preliminares do Ministério da
Saúde apontam que, em 2013, os acidentes com motos resultaram em 12.040 mortes,
o que corresponde a 28% dos mortos no transporte terrestre. Nos últimos seis
anos, as internações hospitalares no Sistema Único de Saúde (SUS) envolvendo
motociclistas tiveram um crescimento de 115% e o custo com o atendimento a
esses pacientes de 170,8%.
Diante desse cenário, o Ministério da Saúde está propondo uma
série de ações intersetoriais, que deverão envolver outras esferas do Governo
Federal, governos estaduais e municipais, para promoção de uma política específica
de prevenção aos acidentes com motos.
Nesta semana, o ministro da Saúde, Arthur
Chioro, apresentou algumas das iniciativas em discussão durante a 68ª
Assembleia Mundial da Saúde, em Genebra. “Não dá mais para não agir na dimensão
preventiva dos acidentes com motos. É preciso propor novas medidas e elevar
essa discussão a um problema de saúde pública. Algumas propostas em estudo são
a obrigatoriedade de apresentação da habilitação no momento da compra da moto,
por exemplo, e a possibilidade de financiamento do capacete como um EPI
[Equipamento de Proteção Individual], possibilitando a venda do item de
segurança junto do veículo”, exemplificou o ministro da Saúde, Arthur Chioro.
Em novembro, o Brasil sediará o 2º Road Safety, Conferência Global
de Alto Nível sobre Segurança no Trânsito, com o objetivo de repactuar metas e
traçar novas estratégias do governo e da sociedade para garantir a segurança da
população e salvar milhões de vidas. “Uma constatação que observamos no Brasil,
e que já vimos em outros lugares do mundo, é a redução do número de
atropelamentos e acidentes de carro e o aumento de acidentes de motos. A moto
está substituindo a bicicleta e o cavalo e também vem sendo utilizada como um
instrumento de trabalho”, observou o ministro.
NÚMEROS – Segundo o Sistema de Informações
sobre Mortalidade do Ministério da Saúde, o Brasil registrou 4.292 mortes de
motociclistas em 2003, número 280% menor do que o registrado 10 anos depois
(12.040). Parte do aumento de acidentes envolvendo motos se deve ao crescimento
vertiginoso da frota no país. Entre 2003 e 2013, o número de motocicletas
aumentou 247,1%, enquanto a população teve um crescimento de 11%.
De 2008 a 2013, o número de internações devido a acidentes de
transporte terrestre aumentou 72,4%. Considerando apenas os acidentes
envolvendo motociclistas, o índice chega a 115%. Em 2013, o SUS registrou
170.805 internações por acidentes de trânsito e R$ 231 milhões foram gastos no
atendimento às vitimas. Desse total, 88.682 foram decorrentes de motos, o que
gerou um custo ao SUS de R$ 114 milhões – crescimento de 170,8% em relação a
2008. Esse valor não inclui custos com reabilitação, medicação e o impacto em
outras áreas da saúde.
PERFIL DAS
VÍTIMAS –
Segundo Sistema de Vigilância de Violências e Acidentes (VIVA 2011), que traça
o perfil das vítimas de violências e acidentes atendidas em serviços de
urgência e emergência do Sistema Único de Saúde em capitais brasileiras, 78,76%
das vítimas de acidente de transporte terrestre envolvendo motociclista são homens,
na faixa etária de 20 a 39 anos. Entre os motociclistas ouvidos, 19,6%
informaram o uso de bebida alcoólica antes do acidente e 19,7% estavam sem
capacete.
“Os acidentes pegam uma faixa etária delicada da população.
Para um país que está envelhecendo, essas pessoas impactam muito, já que estão
em sua idade produtiva. Esses acidentes interferem no sistema de saúde, na
previdência, no trabalho e, principalmente, na vida pessoal do indivíduo”,
lembrou o ministro.
Em 2010, o Ministério da Saúde implantou o Projeto Vida no
Trânsito com o objetivo de reduzir os casos de mortes e feridos em decorrência
de acidentes no trânsito. Entre as ações do projeto está a realização de
campanhas educativas e a qualificação dos sistemas de informação sobre
acidentes, feridos e vítimas fatais.
Com o banco de dados atualizado, os gestores de saúde podem
identificar os fatores de risco e as vítimas mais vulneráveis nos respectivos
municípios, assim como os locais onde o risco de acidente é maior. Desde a
implantação do projeto, já foram liberados cerca de R$ 41,3 milhões para as
atividades. Em 2012, o Ministério autorizou o repasse de R$ 12,8 milhões e, em
2013, foram repassados R$ 13,5 milhões para as capitais dos 26 estados e o
Distrito Federal.
Por Patrícia de Paula, da Agência Saúde / Atendimento à imprensa
(61) 3315-3174 / 2351 / 2745
Portal da Saúde SUS
* Imagem da internet, de caráter meramente ilustrativo
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