Uniformes e luvas são itens obrigatórios no salão da Adriana de
Oliveira, complementados sempre pela esterilização em autoclave de cortadores
de unha e alicates de cutícula e a higienização das mãos entre uma cliente e
outra. Apesar de criteriosa, a rotina do salão é exemplar e o modelo ideal de
atendimento para se evitar a transmissão de doenças neste que é um dos
ambientes preferidos das mulheres.
Todos os procedimentos de higiene em salões de beleza devem seguir
normas técnicas que evitam desde a transmissão de uma simples micose até
doenças virais como o HIV e hepatites B e C. Para assegurar a sanidade dos
estabelecimentos, a Vigilância em Saúde da Prefeitura de Francisco Beltrão está
intensificando a fiscalização aos salões de beleza e manicures autônomas.
Um dos principais itens observados é o cumprimento da resolução
700/2013 da Secretaria de Estado da Saúde, que exige a esterilização de produtos
como espátulas e alicates de cutícula em autoclave e não mais em estufa.
“Entendemos que o autoclave é uma exigência relativamente nova, não tão
barata e que o aparelho necessita de conhecimento técnico para ser manuseado,
mas, por outro lado, precisamos fazer com que todas as manicures e salões
atendam a resolução e se adéqüem para oferecer um serviço com qualidade e
segurança”, explica a inspetora sanitária Karenina Cioatto.
A autoclave é um aparelho que faz a esterilização dos instrumentos
usados por manicures para garantir a eliminação de quaisquer microorganismos.
Todo o processo de higienização envolve a limpeza e desinfecção dos produtos
antes da esterilização e o armazenamento adequado, além do controles que
asseguram a eficácia do aparelho. O equipamento custa quase R$ 2 mil.
Em Francisco Beltrão existem 246 estabelecimentos que prestam
serviço de manicure e pedicuro, sem contar os inúmeros sem formalização, grande
desafio da Vigilância em Saúde. A fiscalização já notificou profissionais que
não possuem o autoclave e nem o lavatório exclusivo para higienização das mãos.
Silenciosa,
hepatite B atinge duas vezes mais que HIV
O Sudoeste e Oeste do Paraná são consideradas regiões endêmicas de
Hepatite B, atingindo mais pessoas que o HIV. Somente em Francisco Beltrão o
Serviço de Atendimento Especializado/Centro de Testagem e
Aconselhamento (Sae/CTA), que atende doentes virais, possui quase mil
pacientes com a doença e cerca de 500 soropositivos.
O principal problema da Hepatite B é sua discrição: silenciosa, a
doença não apresenta sintomas aparentes em seu estágio inicial e sua
identificação é quase sempre feita de forma ocasional. “Geralmente as pessoas
descobrem que estão infectadas quando vão doar sangue ou durante a gestação”,
explica a coordenadora do Sae/CTA, Lia Henke.
Dos quase mil pacientes atendidos pelo serviço com hepatite B,
apenas 75 são tratados com medicação, que chega a custar R$ 1.500 mensais e é
dada quando a doença está em estágio de alta carga viral.
Kit
individual evita transmissão
A recomendação da Vigilância em Saúde é de que cada pessoa tenha
seu próprio kit de manicure, evitando o compartilhamento dos objetos. “O
instrumento que contenha resquício de sangue contaminado, mesmo que
imperceptível, pode armazenar o vírus por até uma semana em sua superfície,
podendo ser um veículo transmissor da doença caso não seja devidamente
esterilizado”, explica a inspetora sanitária Karenina Cioatto.
A transmissão sanguínea da Hepatite B pode acontecer através do
compartilhamento de seringas, piercings e por meio de pequenos ferimentos. A
doença também é transmitida através do ato sexual ou no parto, de mãe para
filho e seus sintomas são mal estar, fraqueza, dor nas articulações e
amarelamento da pele, podendo evoluir para problemas mais graves no fígado, a
exemplo da cirrose e do câncer.
Fonte: RBJ Francisco Beltrão
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