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domingo, 3 de maio de 2015

Fidelidade que dura até depois da morte

Segundo especialista, alguns animais superam a ausência do dono, outros não e podem definhar numa depressão profunda.

MARIA INEZ MAGALHÃES

Niterói - A triste e revoltante história do assassinato de Eduardo de Jesus Ferreira, 10, no início do mês, no Complexo do Alemão, ganhou outra vítima. Dessa vez foi Pipoca, a cachorra do menino que, segundo uma vizinha da criança, chora e está muito triste desde que tudo aconteceu. Aliás, estamos todos com o mesmo sentimento!

Além da saudade de Eduardo, ela também sentia falta da família, que foi para o Piauí logo depois do crime. De volta ao Rio para acompanhar as investigações, os pais do menino disseram que levarão Pipoca e também os gatos deles, Cast e Ed, quando voltarem ao Nordeste. 


Os três ficaram com uma vizinha. Mas, mesmo voltando para o convívio dos donos, Pipoca não terá mais Eduardo por perto. Era com ele que ela brincava o tempo todo. Foi do menino também que a cachorra ganhou o nome de Pipoca, por ser toda branquinha.


E o que fazer para amenizar a dor de um animal que perde seu dono para a morte? O que realmente sente? Será que consegue entender que não foi abandonado? Essas questões me vieram à cabeça quando li sobre a tristeza do bichinho. O veterinário Yuri Domeniconi, CEO do BEAnimal e parceiro do petshop online Pet Love, tirou minhas dúvidas.

Ele explica que é muito relativo dizer o que os animais sentem diante da morte porque isso varia entre as espécies e seus indivíduos. Yuri diz que o animal sabe que está sozinho por alguma razão, mas não porque o dono morreu. Para o especialista, talvez ele possa ter alguma ideia do que aconteceu se visse o corpo.

Mas há bichos que entendem o que é a morte. Yuri conta que é o caso dos filhotes de elefantes que veem seus pais serem mortos na caça à espécie na África. O trauma é tão grande que apresentam os distúrbios dos veteranos de guerra. Críticos de cinema dizem até que uma das cenas mais tristes das telonas é a que Bambi, de Walt Disney, vê a mãe ser morta pelo caçador.

Segundo Yuri, alguns animais superam a ausência do dono, outros não e podem até definhar numa depressão profunda. Isso acontece com os propensos à ansiedade e depressão. Mas, essa situação pode ser revertida se levado à um especialista em comportamento animal. Em alguns casos pode ser necessário até o uso de remédios.


Porém, diz o veterinário, antes disso, inseri-lo em uma nova rotina é a primeira coisa a fazer. E, se ele vive com outros bichos, como Pipoca, Cast e Ed, o ideal é mantê-los juntos. Se não, deve-se preencher ao máximo o tempo do bicho, isso vai funcionar como uma terapia ocupacional. Yuri relata que até existem especulações sobre sexto sentido e outras comunicações energéticas entre humanos e animais, o que explicaria ele entender que o dono morreu, mas que isso a ciência ainda não comprovou.

Fonte: O Dia


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