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domingo, 18 de outubro de 2015

Veterinário do ES alerta sobre câncer de mama em animais domésticos.


'É uma doença perigosa exatamente por ela ser silenciosa', diz. Donos podem apalpar mamas dos bichos para verificar se existem caroços. 




A campanha Outubro Rosa chama a atenção de mulheres do mundo todo para o diagnóstico do câncer de mama. Mas, assim como diversas doenças, esse tipo de câncer também atinge os animais domésticos. Como nos humanos, se diagnosticada de maneira precoce, a doença pode ser tratada e há grandes chances de cura.

Em entrevista ao G1, o médico veterinário Bernardo Lopes, mestre em Enfermidades Clínico Cirúrgicas pela Universidade Federal do Espírito Santo (Ufes), falou sobre prevenção, diagnóstico e tratamento de câncer de mama em animais domésticos. "É uma doença perigosa exatamente por ela ser silenciosa", alertou.

Bernardo explicou que, com o diagnóstico precoce, o tratamento da doença tem grandes chances de ser eficaz. Segundo o veterinário, há 20 anos, a chance de sobrevivência de um animal com câncer era baixa.

“Atualmente o diagnóstico é precoce e o tratamento é precoce, por isso a gente conseguiu aumentar as chances de cura e sobrevida. Os animais têm mais assistência e também aumentou a conscientização da população em relação aos cuidados com a saúde dos animais. A [área] veterinária também melhorou do ponto de vista tecnológico e de capacitação, pois antigamente sacrificavam sem saber direito o diagnóstico”, explicou.

Prevenção

Segundo Bernardo Lopes, como medida preventiva há a histerectomia eletiva, conhecida popularmente como castração, que é eficiente e reduz em quase 100% as chances de incidência da doença se realizada antes do 1º cio, que acontece por volta dos seis meses de idade.

Se a castração for efetuada antes do 2º cio, as chances do animal não apresentar a doença são maiores que 90% e, após o 2º cio, podem passar de 70%.

Depois do 3º cio, a histerectomia já não exerce tanta influência no desenvolvimento do câncer de mama, mas elimina os riscos de câncer de útero, ovário, infecção uterina e pseudociese.

Câncer em gatas e cadelas

O veterinário Bernardo Lopes explicou que, em gatas, o câncer de mama geralmente é mais agressivo.


“Na gata, o comportamento biológico do câncer é mais agressivo do que na cadela. Mas vai depender do tipo biológico do câncer, do tipo de tumor, uns são mais agressivos e outros, menos”, disse.

Foi o que aconteceu com a gata Nina, que foi diagnosticada com câncer em 2012, aos nove anos. Como foi descoberto em estágio avançado, ela não resistiu.

“O câncer estava em toda cadeia mamária do lado esquerdo. Eu percebi um pequeno caroço em uma mama, então, quando a levei ao veterinário, ele apalpou e descobriu que era câncer de mama. Aí marcamos a cirurgia”, contou a dona, a professora Virgínia Passos de Albuquerque. 


A dona contou que, como o câncer já havia se espalhado, a cirurgia foi muito agressiva. “Ela ainda fez transfusão de sangue e reagiu, mas dois dias depois ela faleceu”, contou.
Segundo a professora, os gastos com o tratamento na época, entre consultas, pré-operatório e internação, foram de cerca de R$ 2 mil.

Por outro lado, de acordo com o veterinário, o câncer de mama é o mais frequente em cadelas, por ser relacionado ao desequilíbrio hormonal. Bernando disse, ainda, que a gravidez psicológica pode ser relacionada a esse tipo de câncer.

“A pseudociese, conhecida como gravidez psicológica, é uma doença causada por um equilíbrio hormonal, que é o mesmo responsável pelos cânceres. Ela pode ser colocada como um sinal de alerta. Provavelmente o animal tem um desequilíbrio hormonal que pode ser relacionado ou outro tipo de doença”, explicou.

Diagnóstico e sintomas

Segundo Bernardo Lopes, a detecção do câncer de mama em cadelas e gatas é feita por meio de exames periódicos. Em casa, os donos podem aproveitar os momentos de carinho nos bichos para apalpar a extensão das mamas e verificar se há algum caroço.

“Ao detectar um nódulo, o dono deve procurar o médico veterinário que, além do exame físico, ele vai solicitar exames complementares, como exame de sangue, radiografia torácica, mamografia, ultrassonografia, citologia aspirativa e biópsia, de acordo com cada caso, orientando o diagnóstico definitivo e um tratamento mais racional e eficaz”, explicou.

O veterinário recomenda que os donos levem os animais pelo menos duas vezes por ano para fazer exames que podem detectar o câncer. Com consultas de seis em seis meses, é possível diagnosticar a doença precocemente.

“É interessante que seja feito um exame de rotina. É importante apalpar a glândula mamária para notar se existe algum caroço, mas nem todo o caroço é câncer de mama, ele pode ser causado por outro motivo ou ser benigno, o veterinário vai dizer”, esclareceu Bernardo.

O veterinário disse, ainda, que o câncer de mama é uma doença perigosa nos animais, porque no estágio inicial, os sintomas não são detectados.

“Geralmente, no estágio inicial da doença, o animal não apresenta sintoma nenhum. Como o tumor é pequeno, não causa dor. É uma doença perigosa exatamente por ela ser silenciosa”, declarou.

Tratamento

Bernardo Lopes explicou que o tratamento do câncer de mama em animais depende do estadiamento da doença e do tipo de câncer, mas afirmou que, com o diagnóstico precoce, há grande chance de cura. O veterinário ressalta também que o caso de cada animal é particular.

Segundo o veterinário, a doença localmente avançada é tratada com cirurgia e quimioterapia.
“Tem chance de cura, mas diminui um pouco, mesmo assim, o tratamento aumenta a sobrevida e a qualidade de vida do animal”, esclareceu.

Com a metástase disseminada, o tratamento é feito apenas com quimioterapia. “Se o câncer estiver no pulmão, ele já vai estar muito avançado e a sobrevida é muito baixa. A cirurgia seria um procedimento muito agressivo”, disse.

Cirurgia

O tratamento cirúrgico consiste na retirada da glândula mamária (mastectomia parcial) ou cadeia mamária (mastectomia total). Caso o animal não tenha passado pelo procedimento de histerectomia, também é necessário retirar o útero e o ovário.

Quimioterapia

A quimioterapia pode ser realizada no período pré e pós-operatório. Como nos humanos, esse tipo de tratamento tem efeitos colaterais. Os mais comuns são: náusea, vômito, diminuição de apetite e queda de pelos.

“O tratamento quimioterápico ou a elétroquimioterapia tem efeitos supressores do câncer, porém destrói as células normais. Já existem medicações que destroem só as células do câncer, mas que também têm efeitos colaterais”, explicou o veterinário.

Bernardo Lopes contou que já existem estudos na oncologia para um tratamento que não destrói as células normais, chamado de imunoterapia.

“No futuro da oncologia, há uma expectativa promissora, tanto na humana quanto na veterinária, que é a imunoterapia, uma quimioterapia que vai permitir que o organismo identifique a célula do câncer e fazer com que o próprio corpo a destrua. Nesse caso, vai haver menos efeitos colaterais”, disse.


(G1 ES) 

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