Dilma "mentiu à nação" quando disse que seu governo não barganhava com o Congresso.
A Comissão
Brasileira Justiça e Paz, da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB),
criticou hoje (3) o presidente da Câmara dos Deputados, Eduardo Cunha
(PMDB-RJ), que autorizou a abertura de processo de impeachment da
presidenta Dilma Rousseff. Em nota, a CNBB questiona os motivos que levaram
Cunha a aceitar o pedido de abertura do processo.
Manifestando
“imensa apreensão”, a comissão da CNBB diz que a atitude de Cunha “carece de
subsídios que regulem a matéria” e que a sociedade está sendo levada a crer que
“há no contexto motivação de ordem estritamente embasada no exercício da
política voltada para interesses contrários ao bem comum”. Para a CNBB, Cunha
agiu por interesse pessoal.
A entidade
católica, que, na época em que o então presidente Fernando Collor enfrentou processo
de impeachment, participou de uma manifestação pela ética na
política, afirma no comunicado divulgado hoje que “o impedimento de um
presidente da República ameaça ditames democráticos, conquistados a duras
penas”. “[...] Que autoridade moral fundamenta uma decisão capaz de agravar a
situação nacional com consequências imprevisíveis para a vida do povo? […] É
preciso caminhar no sentido da união nacional, sem quaisquer partidarismos, a
fim de que possamos construir um desenvolvimento justo e sustentável”,
acrescenta a comissão da CNBB.
O anúncio da
aceitação do pedido de abertura do processo de impeachment foi
feito no fim da tarde de ontem (2) por Cunha.
Poucas horas depois, Dilma
fez pronunciamento no qual disse que não tem contas no exterior, nem participa
de “barganhas” com o Congresso.
Cunha, que
quando anunciou ter aceitado o pedido de abertura do processo disse não estar
feliz por tomar a decisão, rebateu as declarações da presidenta. Ele disse hoje
(3) que Dilma “mentiu à nação” quando
disse que seu governo não barganhava com o Congresso.
Uma comissão
especial formada para analisar o processo terá seus membros anunciados nas
próximas horas. Serão 65 deputados, representando todos os partidos da Casa.
Desde o início da tarde de hoje, o deputado Beto Mansur (PRB-SP) lê o pedido
aceito por Cunha e apresentado pelos juristas Hélio Bicudo, Miguel Reale Jr e
Janaína Paschoal.
OAB avalia situação
A Ordem dos Advogados do Brasil (OAB) também divulgou nota, mas mantém a cautela sobre a viabilidade da abertura de um processo de impeachment. A OAB informou que está realizando “reuniões diárias” para avaliar a situação vivida pelo país.
OAB avalia situação
A Ordem dos Advogados do Brasil (OAB) também divulgou nota, mas mantém a cautela sobre a viabilidade da abertura de um processo de impeachment. A OAB informou que está realizando “reuniões diárias” para avaliar a situação vivida pelo país.
“O impeachment é
um mecanismo previsto na Constituição Federal e, se atendidos os requisitos
constitucionais, o impedimento da chefe do Executivo é uma ação legal. No
entanto, é preciso ter claro que esses requisitos estão atendidos para que não
se incorra em um golpe”, afirma a nota da Ordem.
A OAB
acrescenta que está fazendo uma análise da questão para dar um parecer
técnico-jurídico. “A euforia e a pressa não podem levar a OAB a fazer uma
análise equivocada da situação e cometer um erro histórico. Isso justifica a cautela.
A OAB se manifestará de forma jurídica e equilibrada."
A matéria
foi ampliada às 17h39 para incluir a posição da Ordem dos Advogados do Brasil
(OAB)
Edição: Nádia Franco / Marcelo Brandão – Repórter da Agência Brasil
(EBC - Agência Brasil)
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