O cálculo considera o número de infectados por dengue, doença
transmitida pelo mesmo vetor, o mosquito Aedes
aegypti, em 2015, e a falta de imunidade da população ao vírus.
Entre
3 e 4 milhões de pessoas devem contrair o zika vírus em 2016 no continente
americano. 1,5 milhão destes casos deve
ocorrer no Brasil. A estimativa foi
divulgada nesta quinta-feira (28) pela Organização Pan-Americana da Saúde
(Opas), braço da Organização Mundial da Saúde (OMS) nas Américas.
O cálculo considera o
número de infectados por dengue, doença transmitida pelo mesmo vetor, o
mosquito Aedes aegypti, em 2015, e a falta de imunidade da população ao vírus.
Pelo
menos 22 países e territórios já confirmaram a circulação autóctone do vírus
zika, desde maio de 2015, segundo a Opas. A maioria deles estão localizados no
continente americano. São eles: Brasil, Barbados, Colômbia, Equador, El
Salvador, Guatemala, Guiana, Guiana Francesa (França), Haiti, Honduras,
Martinica (França), México, Panamá, Paraguai, Porto Rico (EUA), Ilha de São
Martinho (França/Holanda), Suriname, Venezuela, Ilhas Virgens (EUA), Samoa e
Cabo Verde.
Além
desses países, o Centro Europeu de Controle e
Prevenção de Doenças (ECDC,
na sigla em inglês), também aponta casos da doença na Bolívia, Curaçao,
República Dominicana, Guadalupe (França), Nicarágua, Tailândia, Fiji, Ilhas
Maldivas, Nova Caledônia (França) e Ilhas Salomão. O órgão ainda indica que 10
países da Europa registraram casos importados de zika: Dinamarca, Finlândia,
Alemanha, Itália, Portugal, Holanda, Espanha, Suécia e Reino Unido.
O Centro de Controle de Doenças dos EUA (CDC, na sigla em inglês) confirmou queum morador do Texas é o primeiro caso confirmado do surto atual de zika vírus
no país. O homem
havia visitado a América Latina recentemente.
Clique para ver o mapa em tela cheia.
De acordo com a
diretora da Opas, Carissa F. Etienne, o vírus zika está se espalhando
rapidamente pelas Américas e pode chegar a todos os países do continente,
exceto o Canadá e o Chile continental, onde o Aedes aegypti, mosquito
transmissor da doença, não está presente.
Assista:
Ainda
não há dados consolidados e precisos do número de casos da doença nos países
que registraram a ocorrência do vírus. Segundo Etienne, a dificuldade na
obtenção de números confiáveis de casos de infecção pelo vírus zika se deve a
várias razões, como o fato de o vírus ser detectável somente por alguns dias no
sangue das pessoas infectadas e dos médicos, assim como os próprios exames
laboratoriais, não conseguirem com facilidade os casos de zika de doenças como
dengue e chikungunya, que têm sintomas muito semelhantes.
Além disso,
apenas uma em cada quatro pessoas infectadas são sintomáticas, o que significa
que somente uma pequena parcela de pessoas que desenvolvem os sintomas da
infecção causada pelo vírus procura os serviços de saúde, prejudicando a
contagem dos casos da doença.
O zika vírus
Da família
Flaviviridae e do gênero Flavivirus, o zika vírus provoca uma doença com
sintomas muito semelhantes ao da dengue, febre amarela e chikungunya. De
baixa letalidade, causa febre baixa, hiperemia conjuntival (olhos vermelhos)
sem secreção e sem coceira, artralgia (dores nas articulações) e exantema
maculo-papular (manchas ou erupções na pele com pontos brancos ou vermelhos),
dores musculares, dor de cabeça e dor nas costas.
O zika vírus é
transmitido pela picada dos mosquitos da família Aedes (aegypti, africanus,
apicoargenteus, furcifer, luteocephalus e vitattus). A partir da picada
infectada, a doença tem um período de incubação de aproximadamente quatro dias
até os sintomas começarem a se manifestar e os sinais e sintomas podem durar
até 7 dias.
Como não existe
um medicamento específico contra o vírus, o tratamento feito serve apenas para
aliviar os sintomas. Assim, o uso de paracetamol, sob orientação médica, é
indicado nesses casos.
As medidas de
prevenção e controle da doença são as mesmas já adotadas para a dengue,
febre amarela e chikungunya, como eliminar os possíveis criadouros do mosquito,
evitando deixar água acumulada em recipientes como pneus, garrafas, vasos de
plantas, fazer uso de repelentes, entre outros.
No Brasil,
as autoridades de saúde investigam a relação do zika com o aumento da
ocorrência de microcefalia, uma anomalia que implica na
redução da circunferência craniana do bebê ao nascer ou nos primeiros anos de
vida, entre outras complicações. O Ministério da Saúde confirma 270 casos de bebês que
nasceram com microcefalia por infecção congênita, que podem ter
sido causadas por algum agente infeccioso, inclusive o zika vírus, com 49 mortes. A pasta ainda investigaoutros 3.448 casos suspeitos de microcefalia no
país.
Também
associado ao zika vírus, os órgãos de saúde de vários países da América do Sul
e Central, incluindo o Brasil, verificaram um crescimento de casos da síndrome
de Guillain-Barré (SGB). A doença neurológica, de origem autoimune,
provoca fraqueza muscular generalizada e, em casos mais graves, pode até paralisar
a musculatura respiratória, impedindo o paciente de respirar, levando-o à
morte.
De acordo com a
OMS, o vírus zika pode causar outras síndromes neurológicas, como meningite,
meningoencefalite e mielite. Embora na região das Américas essas síndromes não
tenham sido relatadas até o momento, serviços e profissionais de saúde devem
estar alertas para as possíveis ocorrências.
Por Fernanda Duarte*
* Com
informações da Organização Mundial de Saúde, Organização Pan-Americana da
Saúde, Centro Europeu de Controle e Prevenção de Doenças, Centro de
Controle e Prevenção de Doenças dos EUA e do Ministério da Saúde.
(PORTAL EBC)
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