Texto será ainda votado em segunda discussão.
Segundo a deputada Lucinha, alunos passam por constrangimentos.
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Rio - A
Assembleia Legislativa do Estado do Rio de Janeiro (Alerj) aprovou, na tarde
desta terça-feira, um projeto de lei que proíbe os trotes nas
universidades públicas e privadas. O texto ainda será votado pela Casa em
segunda discussão. Segundo a norma, "aplicar trotes é uma valorosa
contribuição para o aumento da violência". Criadora da medida, a deputada
Lucinha (PSDB) reforçou que o tradicional rito de introdução dos alunos aos
cursos de graduação deve ser proibido "sem restrições".
"Em
alguns casos, antes de iniciar as aulas, esses estudantes já passam por
constrangimentos provocados por trotes que os deixam traumatizados. Se uma
brecha é permitida, ela rapidamente vira abuso, por isso essa norma vem para
acabar de vez com essa prática”, explicou a parlamentar.
No entanto,
o projeto dividiu a opinião dos alunos. Estudante de Comunicação Social da
Pontifícia Universidade Católica do Rio (PUC-Rio), Olivia Nielebock, de 23
anos, afirmou que o trote representa mais do que um "ritual de
entrada" e que é também o primeiro contato que os novos alunos têm com as
outras pessoas do curso deles.
"Isso é
precioso demais. O trote é o início das amizades entre calouro e calouro,
calouro e veterano. É uma importante porta de entrada para um pensamento mais
crítico. Acho que tem que haver fiscalização rígida por parte dos alunos ou da
instituição e ter um bom senso da comissão do trote para perceber se a
brincadeira é machista, racista ou homifóbica", explicou a estudante.
Aluno do
curso de Sistemas da Informação da Universidade Federal Rural do Rio de Janeiro
(UFRRJ), Filipe Dornelas, de 23 anos, lembrou ainda da importância dos trotes
solidários, onde os jovens arrecadam roupas e brinquedos para doar em orfanatos
e instituições de caridade. "A proibição do trote pode ser um impedimento
da realização de um trabalho útil socialmente", acrescentou.
Já
o estudante de Agronomia da Rural Lucas Manetti, de 22 anos, disse
que alguns trotes podem deixar os alunos constrangidos. Segundo
Lucas, na universidade onde estuda, as ações realizadas nos alojamentos do
campus fazem os jovens passarem vergonha. "Quando entrei, tive que aceitar
todos os trotes para conseguir ter um lugar para morar. As 'brincadeiras' vão
desde raspar a cabeça e a sobrancelha até ser acordado com água na cara",
explicou.
Assim como
Lucas, a estudante de Publicidade da PUC-Rio Marcela Micelli, de 24 anos,
destacou ainda que essas ações "inflam o ego do veterano".
"Sempre tive uma visão bem ruim dos trotes e nunca quis participar. A
pessoa acaba topando umas coisas bem chatas. Faltei duas vezes e não me
arrependo", disse.
GABRIELA MATTOS
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