O cirurgião plástico Ivo
Pitanguy faleceu ontem (6/8) aos 90 anos, no Rio de Janeiro. Pitanguy estava em
casa, quando sofreu uma parada cardíaca, e não houve tempo para socorro.
A cremação será hojé (7/8), às
18h, no Memorial do Carmo, no Caju. O corpo será velado a partir das 13h, em
uma cerimônia reservada à família e amigos próximos.
O médico Ivo Hélcio Jardim de
Campos Pitanguy nasceu em Belo Horizonte (MG), no dia 5 de julho de 1926 e, com
o passar dos anos, se tornou um dos mais renomados cirurgiões plásticos do
mundo. Professor e escritor, foi membro da Academia Nacional de Medicina e
imortal da Academia Brasileira de Letras.
Filho de Maria Stael Jardim de
Campos Pitanguy e do médico-cirurgião Antônio de Campos Pitanguy, Ivo Pitanguy
cursou medicina na Universidade Federal de Minas Gerais até o 4º ano. Sem
interromper os estudos, transferiu-se para a Faculdade de Medicina da
Universidade do Brasil, atual Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ),
para servir no Centro de Preparação de Oficiais da Reserva, onde atuou na
Cavalaria dos Dragões da Independência.
Sua formação cirúrgica começou
no Hospital do Pronto-Socorro do Rio de Janeiro, atual Hospital Souza Aguiar.
Como sua vocação era a cirurgia plástica, o jovem Pitanguy se inscreveu em
concurso organizado pelo 'Institute of International Education', e ganhou uma
bolsa de estudos como cirurgião residente do Serviço do Professor John
Longacre, no Bethesda Hospital, nos Estados Unidos.
Após estágio em outros serviços
de cirurgia plástica norte-americanos, retornou ao Brasil, onde foi convidado
pelo professor Marc Iselin, que visitava o Hospital do Pronto-Socorro do Rio de
Janeiro, para ser seu assistente estrangeiro em Paris. Permaneceu durante dois
anos na capital francesa, antes de dar seguimento à sua formação profissional
no Reino Unido.
Ali, percebeu a importância de
transmitir os conhecimentos adquiridos, lembrando sempre da importância social
da especialidade, que começava a surgir no Brasil. Pitanguy criou o Serviço de
Queimados do Hospital do Pronto-Socorro e o primeiro serviço de cirurgia de mão
e de cirurgia plástica reparadora da Santa Casa.
Foi professor de cirurgia
plástica da Universidade Católica do Rio de Janeiro e do Instituto de
Pós-Graduação Médica Carlos Chagas. Em 1961, com a colaboração de médicos
residentes, atuou no atendimento às vítimas do incêndio do Gran Circo
Norte-Americano, em Niterói, o que deu visibilidade à importância social da
especialidade. A tragédia matou mais de 500 pessoas e deixou mais de 800
feridos com sequelas por queimaduras.
Inaugurou a Clínica Ivo
Pitanguy em 1963, que se transformou em referência nacional e internacional
para a cirurgia plástica. Em 2014, lançou sua biografia Viver Vale a
Pena, na qual relembra fatos e pessoas que tiveram destaque em sua vida.
Em sua página na internet, a
jornalista Hildegard Angel ressaltou dois traços do caráter do cirurgião
plástico brasileiro Ivo Pitanguy: a compaixão pelo próximo e a solidariedade.
“O que particularmente faz de Ivo Pitanguy objeto de minha admiração é sua
longa vida de dedicação ao próximo. Um homem de sua projeção e importância
poderia ser indiferente ao mundo à sua volta, arrogante com os demais. Não é o
seu caso. Sua sensibilidade o levou a se dedicar durante toda sua trajetória
profissional a uma enfermaria na Santa Casa da Misericórdia, promovendo ali
operações gratuitas. Corrigindo defeitos de nascença ou anomalias adquiridas em
acidentes ou por doenças, em pessoas que não poderiam arcar com intervenções de
alto custo”, mencionou.
A elogiada e reconhecida
carreira de Ivo Pitanguy sofreu um baque em agosto de 2015, quando seu filho, o
empresário Ivo Nascimento de Campos Pitanguy, foi preso por atropelar e matar o
operário José Fernando Ferreira da Silva, de 44 anos, na Rua Marquês de São
Vicente, na Gávea, zona sul da cidade. O operário trabalhava nas obras de
expansão do metrô da zona sul à Barra da Tijuca, zona oeste do Rio de Janeiro.
O empresário acabou beneficiado com liberdade provisória após pagar fiança de
R$ 100 mil e foi indiciado por homicídio doloso.
*Com informações de Isabela
Vieira
Edição: Denise Griesinger Alana Gandra – Repórter da Agência Brasil*
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