Subtenente que atua como luthier sonha em ensinar a
arte para crianças e jovens.
Subtenente
dos Bombeiros, Davi Lopes descobriu arte onde muitos só enxergam escombros. A
partir de madeiras encontradas em incêndios e em depósitos de móveis de
demolição, o bombeiro passou a fazer violões. Além da carreira militar, hoje
também atua como luthier, profissional especializado na construção e na
manutenção de instrumentos musicais.
A
ideia de juntar a madeira e a música surgiu através dos combates a incêndios
nos galpões e casarões no Centro do Rio. Davi percebeu que as madeiras usadas
em construções antigas eram de altíssima qualidade. Dias depois do incêndio,
ele buscava a doação desse material danificado para fabricar instrumentos.
Muitas vezes, precisou até comprar restos de móveis e vigas parcialmente
destruídas, mas que eram matérias-primas para produzir som.
– Enquanto houver um pedaço de madeira, mesmo que pequeno, sempre haverá a
possibilidade do reaproveitamento e da reciclagem. É a arte do ressurgir –
disse o bombeiro, que sonha em ensinar a arte da luthieria para crianças e
jovens.
Segundo o luthier, cada construção de um instrumento é permeada de emoções.
– Sempre me pergunto: quantos jantares foram servidos sobre essa madeira, reunindo famílias inteiras? – questiona o bombeiro.
Um de seus instrumentos mais marcantes foi o último que construiu para o cantor e compositor Paulinho Moska.
O subtenente Davi Lopes foi aprovado no concurso para soldado do Corpo de
Bombeiros do Estado do Rio de Janeiro em 1996. Tornou-se parte das fileiras de
combate a incêndios e já esteve em vários salvamentos.
Apesar da paixão pela profissão, seu sonho sempre foi integrar a banda sinfônica da corporação. Após a transferência para o quartel central, começou a trabalhar na administração da banda.
– Limpava a sala de ensaios, organizava as partituras e carregava os instrumentos. Tudo isso com um só objetivo: ingressar de vez na sinfônica. Um dia, fui promovido a 3º sargento músico e hoje sou subtenente – lembrou Davi.
Começou as aulas de luthieria em São Paulo, em 2007. A partir daí, passou a construir seus modelos e hoje é destaque nos meios militar e musical.
» IMPRENSA RJ // Fernanda Domingues // Fotos: Marcelo Horn
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