Criado com apoio da Lei Federal
de Incentivo à Cultura pela Escola de Gente, que há 17 anos é referência em
ações de inclusão no Brasil, aplicativo Vem CA é uma plataforma de alcance
nacional, gratuita e totalmente acessível.
Levar a cultura para
todos. Essa é a proposta do aplicativo Vem CA, que disponibiliza, de forma
acessível e gratuita a qualquer usuário com ou sem deficiência, eventos
culturais que contam com medidas de acessibilidade. A ferramenta foi lançada
no dia (5/10) no Centro Cultural Oi Futuro, no Rio de Janeiro. Para
desenvolver a ferramenta, a organização não governamental Escola de Gente,
referência nacional em termos de acessibilidade, contou com o apoio da Lei Federal
de Incentivo à Cultura, por meio da qual captou R$ 1,89 milhão.
Segundo o secretário adjunto da Secretaria Especial da Cultura
do Ministério da Cidadania, José Paulo Soares Martins, é cada vez mais
importante que as produções culturais contemplem medidas de acessibilidade. “A
acessibilidade é um direito do cidadão e precisa ser, de fato, implementada.
Por isso, é um assunto significativo neste momento. Os projetos culturais e a
política de incentivo à cultura têm procurado privilegiar este tema de forma
especial”, relata Martins.
Idealizador do projeto, Pedro Prata conta que a ferramenta é um
desdobramento da própria Lei de Incentivo à Cultura. “O ponto de partida do
projeto é a lei, pois, quando ela começou a exigir que os projetos patrocinados
adotassem medidas de acessibilidade, o mercado cultural precisou se adaptar.
Por um lado, hoje se faz mais atividades acessíveis, mas, por outro lado,
percebemos que quem produz cultura acessível não consegue divulgar tão bem e
chegar a quem tem deficiência”, afirma.
Características
Disponível para download tanto para IOS quanto para Android, o
aplicativo permite cadastrar e buscar projetos com até 12 recursos de
acessibilidade: assento acessível, audiodescrição/guia acessível, banheiro
acessível, elevador/rampa, gratuidade, legenda, Libras, Libras tátil, linguagem
simples, piso tátil, publicações acessíveis e visita tátil.
Além disso, a ferramenta é totalmente acessível. Os usuários
cegos, por exemplo, podem utilizar mecanismo de leitura. Há também a opção de
conteúdo transcrito em língua brasileira de sinais (Libras) e definição de
cores de contraste para não confundir quem tem daltonismo ou baixa visão, além
de navegabilidade simplificada e botões maiores, para ser manuseado com uma mão
só. Também conta com descrição de imagens, ícones visuais de busca para
facilitar a compreensão de quem tem deficiência intelectual e psicossocial ou
dificuldades no processamento de informações; e uso de componentes-padrões dos
sistemas operacionais dos celulares para garantir a familiaridade dos
mecanismos.
Outro diferencial é que o Vem CA tem consumo baixíssimo de dados
e pode ser baixado em praticamente todos os smartphones disponíveis no mercado,
dos mais simples aos mais sofisticados. Ao todo, o aplicativo está apto para
9.985 modelos de aparelhos.
De acordo com a coordenadora da Escola de Gente, Cláudia
Werneck, o aplicativo é inovador e democratiza o acesso à cultura. “É um
aplicativo revolucionário, totalmente brasileiro, acessível, gratuito, que vai
conectar quem está produzindo bens culturais acessíveis com quem precisa
desfrutar dos seus direitos culturais com independência e autonomia”, afirma.
Cláudia Werneck ainda destaca que o aplicativo promove uma
hiperconexão: “é um caso de hiperconexão, porque é uma conexão de mão dupla, o
aplicativo fala de acessibilidade, é completamente acessível, e é acessível
para receber críticas, demandas, recomendações dos usuários”.
Atividades sensoriais
Além de roda de conversa sobre o aplicativo e acessibilidade,
exibição de filmes acessíveis, quem for ao lançamento neste sábado poderá
participar de uma visita guiada com acessibilidade. Os participantes terão a
oportunidade de utilizar vendas, cadeiras de rodas, muleta, recursos que
produzem baixa visão e baixa audição, dispositivos com aromas e percursos
táteis nas galerias do Centro Cultural.
Incentivo Federal à Cultura
A Lei Federal de Incentivo à Cultura contribui para ampliar o
acesso dos cidadãos à cultura, uma vez que os projetos patrocinados devem
oferecer uma contrapartida social. Ou seja, eles têm que distribuir parte dos
ingressos gratuitamente e promover ações de formação e capacitação junto às
comunidades. Por meio do mecanismo, criado em 1991 pela Lei 8.313, empresas e
pessoas físicas podem patrocinar espetáculos, exposições, shows, livros,
museus, galerias e várias outras formas de expressão cultural. O valor
investido, total ou parcial, é abatido do Imposto de Renda.
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