Gabriela
Monteiro relata que duas professoras da universidade fizeram ofensas a ela por
conta de seu cabelo crespo.
ADRIANO
ARAÚJO
Rio - Uma aluna do curso de Design de Moda da
PUC-Rio diz ter sido vítima de comentários racistas dentro da sala de aula e
por parte dos próprios professores da universidade. Gabriela Monteiro relata,
em um depoimento no seu perfil no Facebook publicado no último dia 24, que foi
alvo de duas docentes por conta de seu cabelo crespo e solto.
Em duas oportunidades, segundo Gabriela, a
professora e coordenadora do curso Ana Luiza Morales levantou durante
atividades em sala de aula o quanto era inconveniente ir ao cinema e ter
na poltrona a frente pessoas com cabelos "iguais ao dela." A aluna
registrou queixa na 12ª DP (Copacabana).
“Ela comentou perante toda turma, como uma mulher
que estava usando o cabelo afro parecido com o meu, segundo a própria
professora, era inconveniente por ir ao cinema com seu cabelo em sua forma
natural, pois ao sentar na poltrona em sua frente, o cabelo da mulher era um
empecilho para visualizar a tela do cinema.
Em um primeiro momento não percebi
a gravidade da declaração até minhas colegas de turma comentarem comigo o quão
absurdo aquilo. Fiquei sem reação, e o desconforto de estar em sala de aula
passou a ser uma realidade", desabafou.
Ainda de acordo com o seu depoimento, a mesma
professora voltou a repetir o mesmo comentário semanas depois e a apontá-la
como exemplo por conta do cabelo. "Neste momento, não acreditei que ela
estava repetindo a mesma história de forma tão natural, retruquei dizendo que o
fato de ter cada vez mais mulheres de cabelo afro era uma coisa maravilhosa, já
que em nossa sociedade existe uma ditadura da "chapinha", e o que
aconteceu com ela era sinal de que as mulheres de cabelo crespo estão se
libertando dessa ditadura."
Em um terceiro episódio, uma outra docente,
identificada pela aluna como Tatiana Rybalowski, perguntou a ela se o seu
signo era leão, associando o seu cabelo a juba do animal. "Eu havia
chegado em sala de aula com meus cabelos soltos, e a professora estava dando
orientação para uma aluna, parou o que estava fazendo e me fez a seguinte
pergunta: "Qual seu signo, Leão?", e deu um risinho
cínico. Fiquei tão chocada que não tive reação a essa pergunta
preconceituosa."
Universidade vai abrir sindicância
A PUC-Rio disse ter sido notificada pela aluna
nesta quarta-feira, através da ouvidoria da Vice-Reitoria Comunitária. Segundo
a universidade, será instaurada uma sindicância interna para apurar os fatos,
ouvindo todas as partes.
Depois da apuração dos fatos, a PUC-Rio disse que
"medidas cabíveis são tomadas". Também foi informado que as
professoras citadas por Gabriela estão de férias.
Procurada, a Polícia Civil ainda não deu detalhes
sobre a investigação.
Fonte: O Dia / Rio
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