Produto está em fase de testes no laboratório e será o primeiro do
gênero no mundo.
MARIA
INEZ MAGALHÃES
Niterói -
Referência na produção de oito soros para o Sistema Único de Saúde (SUS), o
Instituto Vital Brazil (IVB) pode se destacar em mais uma frente, e dessa vez
inédita no mundo: a produção de soro antiapílico, contra picada de abelhas.
No
Brasil morrem 40 pessoas por ano vítimas do inseto. O laboratório também é
único, desde 2001, na produção de soro antilatrodéctico usado contra picadas da
aranha viúva negra. O veneno dela é tão tóxico que pode levar à morte.
O
processo criação do antiapílico já está em fase de teste pelo instituto em
convênio com Centro Virtual de Toxinologia (Cevap), em Botucatu, São Paulo.
Para tirarem o projeto do papel é preciso que a Agência Nacional de Vigilância
Sanitária (Anvisa) autorize o estudo clínico do soro, o que não deve demorar a
acontecer, segundo o diretor científico do IVB, o veterinário Luís Eduardo da
Cunha.
“Já
tentamos produzir esse soro há tempos, mas não foi possível porque os testes,
que são feitos em cavalos, eram muito doloridos para os animais e então
paramos. Com a parceria, o Cevap nos manda o antígeno e aqui desenvolvemos o
estudo sobre a produção do novo soro. Estamos apenas esperando a liberação da
Anvisa para começar o trabalho, o que pode acontecer a qualquer momento”, explica
Luís.
Se entrar
em produção, o antiapílico será o nono tipo do medicamente produzido pelo
instituto. Desse total, quatro são contra picadas de cobra, o carro-chefe da
produção do IVB. Antibotrópico (contra veneno das jararacas, que inclui as
jararacuçus, urutus, caiçacas e jararacas pintadas); anticrotálico (para veneno
das cascavéis), antibotrópico-crotálico (combate o veneno de jararacas e
cascavéis) e o antibotrópico-laquético (contra o veneno das jararacas e
surucucus). Os outros antídotos são antitetênico (tétano) e o antirrábico
(raiva).
No Brasil,
acontecem cerca de 100 mil acidentes com animais peçonhentos por ano. Desse
total, 40 mil são com cobras, a mesma quantidade com escorpiões e o restante
com bichos como lagartas, abelhas e outros.
O Instituto
Vital Brazil é um dos 21 laboratórios oficiais brasileiros e um dos quatro
fornecedores de soros para o Ministério da Saúde, que os distribui por todo o
Brasil. Em 2013, foram produzidas 206.154 ampolas de soros. Em 2014, até
setembro, essa quantidade foi de 92.934.
Os
antídotos feitos no IVB e nos outros laboratórios oficiais não podem ser
encontrados em farmácias e nem vendidos a particulares. Os soros são
encontrados apenas em polos de atendimento, como postos de saúde, e rede de
hospitais, onde são aplicados gratuitamente nas vítimas de acidente com animais
peçonhetos e outros.
Soro tipo
exportação
Mas a
produção de soros do Instituto Vital Brazil (IVB)não está restrita ao Brasil.
Aos 195 anos, o IVB não para de produzir novidades na área de saúde,
principalmente no que diz respeito ao soros. Desde 2008, o instituto exporta
para o Uruguai os antídotos antibotrópicos contra o veneno das jararacas, que
inclui as jararacuçus, urutus, caiçacas e jararacas pintadas. E o número de
países que vão receber esse medicamento pode aumentar. Estão na lista Equador e
Peru.
“Por serem
países limítrofes ao Brasil, eles têm características mais parecidas, o que
facilita o trabalho. O soro tem que ser feito a partir do veneno do animal
típico do lugar, caso contrário, não funciona”, explica o diretor do instituto,
o médico Antonio Werneck. Mas as cidades de Moçambique e Angola, na África,
também poderão estar na lista de exportação.
A
fabricação dos antídotos não acontece todos os dias. Eles são feitos em grandes
quantidades a cada cerca de dois meses. O IVB tem unidades espalhadas pelo
estado. Uma delas, em Cachoeiras de Macacu, é a Fazenda Vital Brazil,
inaugurada em 2010, onde são criados os cavalos que fazem parte dos testes e da
produção de soro.
Os atídotos
contra animais peçonhentos são produzidos a partir do próprio venenos deles.
Uma pequena quantidade é extraída no serpentário e aracnário do IVB. Depois, é
processado e injetado no cavalo, que fica de quarentena para produzir os
anticorpos necessários para o combate aos malefícios do veneno. Então, o sangue
é retirado do cavalo e as hemácias separadas do plasma, que é parte necessária
para a produção do soro.
Qualidade
de vida de idosos e gestantes em foco no IVB
O
instituto, porém, não está restrito à produção de soro. Lá, gestantes da rede
de saúde pública do estado do Rio e idosos acima de 60 anos também têm vez. O
laboratório Biomarc, na sede do IVB, faz testes em sangue de grávidas. Eles
detectam até 11 tipos de doenças, entre elas AIDS e sífilis.
A novidade
é que as amostras são coletadas em papel-filtro, mesmo material usado em bebês
no exame do pezinho. O kit é fornecido de graça. O resultado sai em uma semana
e é enviado pela internet. Fazem parte desse programa cerca de 80 cidades do
Rio. “Isso ajuda o município a cuidar da mãe e do bebê e a desenvolver
políticas públicas para a saúde”, explica chefe-técnico do Biomarc, o
bioquímico Gustavo Falero.
Já os
idosos são os alvos da primeira pesquisa sobre declínio cognitivo feita no
Brasil pelo Centro de Estudo e Pesquisa do Envelhecimento do IVB, na Gávea. O
objetivo é criar mecanismos para melhorar a qualidade de vida do idoso.
Fonte: O
Dia
Nenhum comentário:
Postar um comentário