Técnica desenvolvida por universidade mineira
reaproveita rejeitos da mineração.
E se os distritos que foram
devastados pela lama da barragem de Fundão, na cidade de Mariana,
na região central do Estado, pudessem ser reconstruídos com a ajuda da mesma
lama? Este é o questionamento levantado pelo professor da UFOP (Universidade
Federal de Ouro Preto), Ricardo Fiorotti. Ele coordena um projeto inovador na
instituição que viabiliza o reaproveitamento dos rejeitos da atividade de
mineração para a produção de materias usados na
construção civil, como argamassa e tijolos.
O professor explica que o processo é muito simples e possui
duas frentes de trabalho. Uma das alternativas é captar os rejeitos de forma
bruta e aplicar na elaboração de pré-fabricados, como tijolos, blocos de
pavimentação urbana, canaletas e postes. Por outro lado, também é possível
“polir” os restos da mineração e separar em elementos secos, como argila, areia
e o próprio minério de ferro, que retornaria ao início da produção. Além de
reduzir os impactos ao meio ambiente, a implantação destas medidas ainda traria
retorno financeiro às indústrias do setor.
— O processo se paga através da própria separação dos
materiais. O investimento feito pela mineradora para construir esta unidade de
reaproveitamento voltaria através da comercialização destes materiais. A areia
é facilmente usada e consumida pelo próprio mercado local. A argila está cada
vez mais difícil de ser encontrada e é utilizada na cerâmica. Além, é claro, do
minério, que retornaria ao processo de mineração.
O pesquisador avalia que transformar o “mar de lama” que destruiu o
distrito de Bento Rodrigues em matéria-prima é uma tarefa viável, mas que
encontrará dificuldades devido à contaminação dos
rejeitos.
—Este material foi tomado por muita matéria orgânica, ele está muito
grosseiro, mas nada impede que seja utilizado em sua forma bruta na produção de
pré-fabricados.
Ainda conforme o professor, novas tecnologias como esta são fundamentais
para minimizar os riscos da atividade de mineração no Brasil. Ele alega que,
inicialmente, o processo teria um custo elevado às indústrias, mas a recompensa
é auxiliar na prevenção de novas tragédias como a que ocorreu em Mariana.
— Se olharmos para Bento Rodrigues, isto seria caro ou barato? A
barragem é muito mais barata, mas não há benefício nela. Não se recicla nada do
que tem lá dentro. Com esta tecnologia, podemos diminuir o risco potencial
destas estruturas e torná-las muito mais seguras.
(R7 NOTÍCIAS)
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