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domingo, 22 de novembro de 2015

Lama de barragem pode ser transformada em tijolos para a construção civil .


Técnica desenvolvida por universidade mineira reaproveita rejeitos da mineração.



E se os distritos que foram devastados pela lama da barragem de Fundão, na cidade de Mariana, na região central do Estado, pudessem ser reconstruídos com a ajuda da mesma lama? Este é o questionamento levantado pelo professor da UFOP (Universidade Federal de Ouro Preto), Ricardo Fiorotti. Ele coordena um projeto inovador na instituição que viabiliza o reaproveitamento dos rejeitos da atividade de mineração para a produção de materias usados na construção civil, como argamassa e tijolos. 

O professor explica que o processo é muito simples e possui duas frentes de trabalho. Uma das alternativas é captar os rejeitos de forma bruta e aplicar na elaboração de pré-fabricados, como tijolos, blocos de pavimentação urbana, canaletas e postes. Por outro lado, também é possível “polir” os restos da mineração e separar em elementos secos, como argila, areia e o próprio minério de ferro, que retornaria ao início da produção. Além de reduzir os impactos ao meio ambiente, a implantação destas medidas ainda traria retorno financeiro às indústrias do setor. 
— O processo se paga através da própria separação dos materiais. O investimento feito pela mineradora para construir esta unidade de reaproveitamento voltaria através da comercialização destes materiais. A areia é facilmente usada e consumida pelo próprio mercado local. A argila está cada vez mais difícil de ser encontrada e é utilizada na cerâmica. Além, é claro, do minério, que retornaria ao processo de mineração.

O pesquisador avalia que transformar o “mar de lama” que destruiu o distrito de Bento Rodrigues em matéria-prima é uma tarefa viável, mas que encontrará dificuldades devido à contaminação dos rejeitos.

—Este material foi tomado por muita matéria orgânica, ele está muito grosseiro, mas nada impede que seja utilizado em sua forma bruta na produção de pré-fabricados. 
Ainda conforme o professor, novas tecnologias como esta são fundamentais para minimizar os riscos da atividade de mineração no Brasil. Ele alega que, inicialmente, o processo teria um custo elevado às indústrias, mas a recompensa é auxiliar na prevenção de novas tragédias como a que ocorreu em Mariana. 
— Se olharmos para Bento Rodrigues, isto seria caro ou barato? A barragem é muito mais barata, mas não há benefício nela. Não se recicla nada do que tem lá dentro. Com esta tecnologia, podemos diminuir o risco potencial destas estruturas e torná-las muito mais seguras. 



(R7 NOTÍCIAS)





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