Circuito experimental “Vem pra Roça”
supera expectativas. Projeto para sua normatização será entregue à Prefeitura.
O que era para ser apenas uma
experiência para a comercialização de produtos da agricultura familiar em
Teresópolis, na Região Serrana do Rio de Janeiro, se tornou um grande sucesso
que promete ser permanente. O Circuito de Feiras da Agricultura Familiar 'Vem
pra Roça' surgiu como um teste, mas, ao conquistar o público rapidamente,
provou que a qualidade da produção familiar já é uma prioridade do público.
Promovido pela Emater-Rio e pelo
Programa Rio Rural, com apoio da Prefeitura Municipal de Teresópolis, o
circuito começou em abril nas praças da cidade. Além da aprovação da população,
o sucesso das feiras empoderou os produtores rurais, que se articularam para
formalizar a iniciativa. No próximo dia 13 de julho, às 16 horas, eles
entregarão ao prefeito Mário Tricano um projeto para a normatização das feiras
da agricultura familiar e também da feira de orgânicos promovida pela
Associação Agroecológica de Teresópolis (AAT).
De abril a junho, os produtores
contaram com o apoio dos estandes cedidos pela Emater-Rio. No entanto, neste
mês de julho, as barracas serão destinadas a outros eventos pelo estado. Com os
resultados positivos da feira, os próprios produtores se uniram e conseguiram a
parceria de um carpinteiro da cidade, Isaías Castro. A partir de agora vão
continuar promovendo as Feiras da Agricultura Familiar com estandes
alugados.
“Conseguimos o apoio do Isaías, que
faz as barracas da feira e orgânicos, e neste primeiro momento ele vai nos
alugar. Com a normatização da feira, nossa intenção é comprar as barracas.
Estamos muito unidos e empolgados. É a primeira vez que participamos de feira.
Sempre vendemos para atravessadores ou mercadinhos da cidade, e esse contato
direto com os consumidores está sendo muito bom e lucrativo”, comemorou o
produtor Manoel Luis Ventura, da localidade de Santa Rita. Ele é um dos
produtores incentivados pelo Rio Rural Emergencial em Teresópolis após as
chuvas de 2011.
Segundo o carpinteiro Isaías Castro,
que faz questão de acompanhar os produtores a cada feira, os estandes serão
alugados a preços mais acessíveis. “Combinamos um valor bem baixo, para que
eles pudessem trabalhar. Meu pai também foi produtor e conheço todas as
dificuldades que enfrentam. Eles só terão que trazer as mercadorias para a
feira. A montagem e desmontagem das barracas ficará por nossa conta”, explicou,
elogiando a organização dos produtores.
Produtos mais perto dos
consumidores
As feiras
são realizadas às quartas-feiras na Praça Governador Portella, atrás do prédio
da Prefeitura, e aos sábados, na Praça Maria Corina Paim, na Barra do Imbuí. A
qualidade, variedade e bons preços dos produtos chamam a atenção dos
consumidores, que têm acesso a legumes, hortaliças e frutas da agricultura
convencional e orgânica, além de ovos de galinhas caipiras, pães, bolos e
artigos de artesanato.
“A grande maioria dos produtores aqui
está participando de uma feira pela primeira vez. Na realidade, Teresópolis estava
sem um espaço para feiras da agricultura familiar há anos. Os consumidores
estavam contando apenas com a venda em mercados e mercearias. Do ponto de vista
econômico e familiar, a feira está sendo um diferencial na geração de renda da
família desses agricultores e uma oportunidade para os consumidores adquirirem
produtos frescos e de qualidade diretamente dos produtores”, explicou a
extensionista e engenheira agrônoma da Emater-Rio, Monique Lopes Pereira Silva.
Segundo ela, as feiras eram uma demanda dos produtores, e o assunto foi
debatido em várias reuniões dos Comitês Gestores de Microbacias (Cogems).
Participam das feiras produtores das microbacias do Baixo Rio Paquequer e do
Rio Formiga.
União e diversificação de
cultivos
Para o
secretário estadual de Agricultura, Christino Áureo, a articulação dos
produtores em Teresópolis é um exemplo da autonomia dos produtores rurais,
estimulada pelo Programa Rio Rural. “Nossa missão é fazer com que os
agricultores familiares sejam protagonistas de suas histórias. Ninguém melhor
do que eles para saber quais são as demandas prioritárias de suas comunidades.
Com a união entre os produtores e o apoio dos nossos programas, os grupos
serão cada vez mais fortes em suas atividades”, destacou.
O casal de produtores José Anderson
Pimentel e Vânia Maria, da localidade de Bonsucesso, é um dos mais empolgados
com as feiras. Antes, eles só produziam dois tipos de hortaliças, repassadas
para comerciantes. Com apenas três meses de participação nas feiras, o casal
diversificou o plantio e hoje conta com 23 produtos. “Além de oferecer mais
produtos para os consumidores, conseguimos, com o contato direto aqui na feira,
fazer entrega para dois condomínios e restaurantes. As feiras são mostruários
da produção dos agricultores e uma nova oportunidade de comercialização para
todos nós”, ressaltou Vânia.
O mesmo aconteceu com o produtor
Fabrício Pinto Ribeiro, da localidade de Andradas, que só produzia couve e
coentro e agora também diversificou a produção de hortaliças, além de investir
em frutas. “Eu sempre cultivei banana e limão galego no sítio, mas nunca pensei
em vendê-los. Com a feira, aprendi que temos mais possibilidades de produção e
de venda com a diversificação”, declarou.
Protagonismo das mulheres e
produção agroecológica
Uma
característica da Feira da Agricultura Familiar é a participação de mulheres e
jovens produtores. Muitas esposas e filhos participam do espaço, enquanto os
homens permanecem nos sítios. É o caso da produtora Cíntia Cristina Silva da
Cruz de Castro: enquanto ela cuida das vendas na feira, o marido Adalberto
trabalha no plantio. “Com a feira estamos aprendendo muito. Nossa intenção é
sair do convencional e adotar a produção orgânica. Estamos participando de
cursos e fazendo visitas em sítios orgânicos para fazer essa mudança. Vemos
muitas possibilidades com os orgânicos, não apenas para vendas, porque os
consumidores estão mais preocupados com a saúde e com a qualidade dos
produtos”, comentou Cíntia.
Para Monique Silva, as feiras criam
oportunidades e enriquecem a agroecologia. “Os produtores passam a acreditar no
projeto de diversificação da produção, nos orgânicos, na produção sustentável,
porque começam a ver retorno. Eles acabam produzindo naturalmente de forma
agroecológica”, explica a extensionista.
De acordo com a Emater-Rio,
Teresópolis conta hoje com cerca de 3.500 agricultores familiares atuando nas
atividades de olericultura e fruticultura, produção de plantas medicinais,
aromáticas e ornamentais, criação de animais e artesanato. A normatização das
feiras na cidade vai garantir a venda direta de produtos de qualidade e frescos
entre produtor e consumidor, além de gerar melhoria da qualidade de vida e
renda para muitos deles.
A extensionista e engenheira agrônoma da Emater-Rio, Monique Lopes Pereira Silva explicou que a grande maioria dos produtores nunca tinha participado de feiras. (Crédito: Andreia Constâncio)
O produtor Valdeli da Costa Cardoso está empolgado com as feiras e acredita ser o melhor meio de venda e contato direto com os consumidores. (Crédito: Andreia Constâncio)
Vânia Maria ajuda o marido na feira. Casal de produtores também diversificou a produção e hoje cultiva 23 produtores para atender os consumidores. (Crédito: Andreia Constâncio)
O produtor Fabrício Pinto Ribeiro só produzia dois produtos e com a feira diversificou sua produção. (Crédito: Andreia Constâncio)
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