Telescópio espacial comemora, nesta sexta-feira (24), 25 anos no espaço. Para brasileiro, telescópio mudou tudo o que se entendia por astrofísica.
Para o astrofísico brasileiro Rafael
Eufrásio, que trabalha na Nasa, o telescópio espacial Hubble inspirou uma
geração inteira de novos cientistas. "Desde selos de cartas, a roupas,
gravatas e outros adereços é fácil perceber que o Hubble exerceu e exerce um
papel fundamental em expor e criar interesse de crianças e jovens a seguirem
carreiras científicas em geral", afirmou o pesquisador por e-mail, em
entrevista ao G1.
O instrumento – que orbita a Terra a 570 km
de altitude e é resultado de uma colaboração entre a agência espacial
norte-americana, a Nasa, e a Agência Espacial Européia, a ESA – comemora 25
anos no espaço nesta sexta-feira (24).
Eufrásio trabalha desde 2008 no Goddard
Space Flight Center da Nasa, responsável pelas operações do Hubble.
Em seus
projetos de pesquisa, que envolvem a identificação das características da
formação das estrelas em galáxias entre 10 e 300 milhões de anos-luz da Terra,
o brasileiro conta que o Hubble teve o papel de discernir detalhes nas imagens
que nenhum dos outros telescópios proporcionava.
O equipamento, que pesa 11 toneladas, mede
13,2 metros de comprimento por 4,2 metros de diâmetro. Com um espelho primário
de 2,4 metros de diâmetro, o Hubble possui 100 terabytes de dados arquivados e
gera atualmente 140 gigabytes de dados brutos por semana.
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Expansão acelerada do Universo
Segundo o brasileiro, o Hubble garantiu
imagens muito mais nítidas do que qualquer outro observatório na Terra e, por
isso, muitos fenômenos inesperados foram revelados. "Isso mudou
completamente o que entendíamos como astrofísica", diz. Um dos principais
exemplos foi a pesquisa que confirmou a expansão acelerada do Universo. A
descoberta, que levou ao Nobel de 2011, foi feita por observações de explosões
de supernovas obtidas pelo Hubble e por outros telescópios terrestres.
Aprender
sobre o ciclo de vida das estrelas foi uma das razões para a construção do
telescópio. Por ele operar acima das distorções e dos efeitos bloqueadores da
atmosfera do planeta, os astrônomos esperavam poder contemplar um passado mais
distante, analisando gerações de estrelas e galáxias que se formaram mais perto
do Big Bang, a explosão que teria dado início ao universo, cerca de 13,7
bilhões de anos atrás.
O Hubble revelou, além disso, buracos negros no coração de galáxias cuja existência até então a ciência conseguia apenas supor. Ele também fez um milhão de imagens de corpos celestes, alguns dos quais nos confins do cosmos.
O Hubble revelou, além disso, buracos negros no coração de galáxias cuja existência até então a ciência conseguia apenas supor. Ele também fez um milhão de imagens de corpos celestes, alguns dos quais nos confins do cosmos.
Percalços
A história do Hubble não foi só feita de imagens impressionantes e descobertas revolucionárias. Eufrásio lembra que, por um defeito no polimento do espelho, o telescópio inicialmente produziu imagens borradas, o que só foi ajustado na primeira missão de conserto, em dezembro de 1993, quando astronautas substituíram um dos instrumentos pelo COSTAR (Corrective Optics Space Telescope Axial Replacement).
A história do Hubble não foi só feita de imagens impressionantes e descobertas revolucionárias. Eufrásio lembra que, por um defeito no polimento do espelho, o telescópio inicialmente produziu imagens borradas, o que só foi ajustado na primeira missão de conserto, em dezembro de 1993, quando astronautas substituíram um dos instrumentos pelo COSTAR (Corrective Optics Space Telescope Axial Replacement).
"O
COSTAR é de fato os 'óculos' (ou 'lentes de contato') do Hubble. Até hoje,
cinco missões de conserto foram enviadas, com os astronautas substituindo
instrumentos e giroscópios por equipamentos de ponta. A última missão foi em
2009 e hoje se espera que o Hubble continue funcionando como está, pelo menos,
até 2020."
Acesso ao Hubble
Qualquer
pessoa de qualquer país pode soclicitar o uso do Hubble em pesquisas, desde que
justifique cientificamente o uso, diz Eufrásio. O comitê julgador deve entender
que aquele é o melhor uso do instrumento. "A comunidade brasileira é bem
ativa e tem se tornado cada vez mais competitiva, especialmente com o possível
ingresso do Brasil no Observatório Austral Europeu (European Southern
Observatory, ESO) e com a participação de brasileiros em diversas colaborações
para desenvolvimento de telescópios futuros."
A Nasa
espera manter o Hubble em operação até pelo menos 2020. Seu sucessor, o
Telescópio Espacial James Webb, deve ser lançado em outubro de 2018. "O
James Webb Space telescope, apesar de ser o sucessor científico do Hubble, terá
habilidades complementares às do Hubble e não será responsável por 'aposentar'
o Hubble", explica Eufrásio.
Segundo
ele, o novo telescópio produzirá imagens mais nítidas, mas o campo de visão
será bem menor. "As capacidades que o Hubble tem de observar luz visível e
ultravioleta ainda serão únicas."
Fonte: G1
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