A matemática do deputado Rodrigo Coelho (PT).
(imagem da internet) |
O deputado estadual Rodrigo Coelho (PT) traça uma
estratégia perfeita: sair do partido que sofre um desgaste de nível nacional,
ingressar em uma nova sigla e garantir o seu mandato, e a partir daí conseguir
o apoio do governador Paulo Hartung (PMDB) e os partidos que orbitam em torno
dele para sua candidatura a prefeito no ano que vem (DEM, PSDB, PDT, além do
próprio PT e PMDB).
Equação perfeita e uma construção genial. Mas na
política 2 + 2 nem sempre é igual a 4. Ao fazer essas amarrações “por cima”,
Rodrigo corre um grande risco: ficar sozinho.
É bem verdade que ele tem a faca e o queijo na mão,
mas ainda não é a bola da vez. Relembremos os fatos: Rodrigo foi secretário de
governo do prefeito Carlos Casteglione (PT), que mobilizou a prefeitura
inteira, inclusive seus dois primeiros anos de gestão, para conseguir emplacar
o seu sucessor na Assembleia Legislativa. Sem sucesso. Rodrigo ficou com a
suplência e assumiu, logo depois, a Secretaria Estadual de Assistência Social.
Como secretário estadual, desenvolveu sua forma de
fazer política e no ano passado conseguiu ser eleito deputado estadual. Em
Cachoeiro de Itapemirim, no entanto, não chegou aos 10 mil votos. Muito menos
que os quase 30 mil de Theodorico Ferraço (DEM), numa situação sem Glauber
Coelho, cotado para ser o mais votado. Os eleitores de Glauber não migraram
para Rodrigo e seu desempenho acabou sendo pífio numa conjuntura totalmente
favorável.
Ou seja: Rodrigo não se consolidou como liderança
em Cachoeiro de Itapemirim. E pior: diz a boca miúda que a votação que teve foi
sozinho, sem ajuda do PT ou do prefeito Casteglione. Na verdade, reza a lenda
que ele até acredita que se não fosse os dois, PT e prefeito, ele até
conseguiria mais votos do que teve. Mero engano, mas cada um sabe do potencial
que tem.
Ao tentar se construir sozinho e ser maior que o
partido que o elegeu deputado pelas beiradas, Rodrigo comete um erro crasso.
Primeiro: confiar no governador Paulo Hartung. Segundo: semear na militância
petista indignação contra ele. E terceiro: menosprezar possíveis adversários
seus numa eventual disputa para prefeito.
Paulo Hartung é um político pragmático. Enquanto o
sujeito lhe for útil, será utilizado a seu bel prazer. Quando começarem a sair
pesquisas de intenção de voto e o nome de Rodrigo não aparecer com toda essa
vantagem que parece que tem, Hartung não irá ter dúvidas em substituir o seu
candidato em Cachoeiro de Itapemirim. Se existe acordo hoje, amanhã pode não
existir mais. Porque é assim mesmo que funciona. Nenhum combinado é para sempre.
Afinal, pra sempre é tempo demais.
Quando os boatos de que Rodrigo sairia do PT
começaram a ganhar força, inclusive com A Tribuna e A Gazeta noticiando essa
possível saída, o seu posicionamento foi o mais peemedebista possível: “não
sei. Recebi convites. Mas não há ferramentas legais para que isso aconteça,
porque perco meu mandato”. Ou seja, não disse com firmeza que fica no PT. Pelo
contrário, deu a entender que se houver uma maneira de sair e não perder o
mandato, ele o faria.
Se ele esperava que a militância fosse suplicar
para que ficasse, ou fosse correndo atrás dele pedindo sua permanência no PT,
deu com os burros n’água. A reação foi justamente a contrária: “quer sair? Vá
de uma vez”. E nessa, ele fica numa sinuca de bico. Primeiro porque tem vários
indicados trabalhando na prefeitura de Cachoeiro que são do PT. Se essas
pessoas eventualmente deixam o partido com ele, perdem seus empregos.
O PT não aliviou para ele. Pelo contrário. Trataram
de se articular novamente, colocando o vereador Professor Léo como presidente
do partido em Cachoeiro, com o aval do prefeito Carlos Casteglione. Professor
Léo, inclusive, teve mais de 12 mil votos em Cachoeiro na última eleição,
superando Rodrigo Coelho. A lógica, ao que parece, seria a seguinte:
Casteglione junto a Professor Léo seriam facilmente mais fortes que Rodrigo
Coelho. Água no chopp do deputado.
Além disso, Rodrigo enfrenta uma resistência no
mercado político cachoeirense, até porque não é natural de Cachoeiro. É de Bom
Jesus do Norte. Vereadores bons de voto como Wilson Dillen, Jonas Nogueira,
Braz Zagotto, Rodrigo Enfermeiro, Alexandre Bastos, Julio Ferrari, Amaral,
Tereré, entre outros, não o vêem como um nome natural para a prefeitura.
Nada impede que ele seja candidato a prefeito em
2016. Pode ser. Mas as maiores lideranças de Cachoeiro de Itapemirim continuam
sendo os velhos caciques Theodorico de Assis Ferraço (DEM), Roberto Valadão
(PMDB) e José Tasso, principalmente após a péssima gestão de Carlos Casteglione
(PT) e o falecimento de Glauber Coelho (PSB). Sem a benção destes líderes, sua
equação poderá chegar a um resultado insatisfatório e sua genialidade impedir
com que enxergue o óbvio. Quando isso acontece, normalmente, o final é
desastroso.
Redação Folha do ES
*imagem da internet, meramente ilustrativa:
http://www.folhadoes.com/noticia/2015/01/17/entrevista---deputado-rodrigo-coelho.html
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