Com o excesso de informações e
temas complexos, nem sempre a leitura de um jornal tradicional consegue
despertar o interesse de crianças e adolescentes. Para incentivar o gosto pela
leitura e o aprendizado por meio de fatos reais, a startup de educação Guten
desenvolveu um jornal digital interativo que traz notícias na linguagem
infanto-juvenil. Utilizando jogos, missões e atividades, o aplicativo também
ajuda os leitores mirins a ampliarem sua compreensão dos textos.
Assim como em jornais
tradicionais, o Guten News organiza
diferentes assuntos por cadernos como Brasil, Mundo, Bem-estar, Cultura e
Comportamento. Semanalmente são disponibilizadas novas edições, produzidas por
uma equipe de jornalismo que tenta aproximar as notícias do universo de
crianças e adolescentes.
Entre os conteúdos é possível
encontrar desde entrevistas com técnicos de futebol, até matérias sobre a falta
de água, exposições ou o uso de drones.
“Muitas
vezes o problema dos alunos não é o saber ler, mas ter uma bagagem para
entender o mundo e saber fazer conexões com novos conhecimentos”, explica a
administradora Danielle Brants, fundadora da Guten. Segundo ela, ao olhar para
exames internacionais é possível notar que muitos alunos brasileiros ainda não
conseguem atingir o nível básico de proficiência em leitura.
Nos
últimos dados divulgados pelo Pisa (Programa Internacional de Avaliação de
Alunos), o Brasil somou 410 pontos em leitura, ocupando a 55ª posição do
ranking. Entre os estudantes avaliados, 49,2% deles não alcançaram o nível 2 de
desempenho, que representa dificuldades para deduzir informações, estabelecer
relações e compreender diferentes nuances da linguagem. De acordo com a mestre
em linguística aplicada Letícia Reina, responsável pela gestão pedagógica da
Guten, o gênero jornalístico pode ser uma boa ferramenta para ajudar os alunos
a desenvolverem esse tipo de competência.
“A
gente escolheu trabalhar com a notícia porque ela faz um processo de formação
crítica. O leitor se depara com fatos, opiniões e se posiciona”, diz Letícia.
Com base nessa proposta, dentro de cada caderno temático do periódico, as
crianças encontram uma notícia que vem acompanhada por atividades. Antes de ler
o texto, elas podem se divertir com jogos e desafios que introduzem o tema ou
algum aspecto da linguagem da notícia. Após a leitura, fazem exercícios
de verificação. “Todas as atividades levam o leitor a refletir sobre o texto
como um discurso que foi publicado em algum local, com um leitor previsto e
alguém que escreveu”, comenta.
Seguindo a lógica da gamificação,
para cada atividade completada, a criança ganha pontos que ajudam a receber
diferentes selos relacionados com uma competência socioemocial, como a
curiosidade ou criatividade.
O
aplicativo é gratuito e atualmente está disponível apenas para iPad, mas deve
ser lançado na versão web em junho. Para as escolas que desejam utilizar o
Guten News para trabalhar leitura com os alunos, em breve a startup também irá
oferecer a opção de gerar relatórios pagos que identificam as principais
dificuldades de cada criança. “A gente consegue mapear qual é o descritor do
parâmetro curricular nacional que ela desenvolveu”, conta Danielle Brants, ao
explicar sobre a base de dados gerada no aplicativo após as leituras e
atividades feitas pelas crianças.
Com
base nas análises das dificuldades apresentadas pelos alunos, no futuro a Guten
planeja desenvolver um conteúdo personalizado, que identifica o nível de cada
criança e sugere as notícias que são mais adequadas para ela. “Nosso objetivo é
ter uma pequena nação de leitores e quebrar o tabu de que a leitura é chata e
não faz parte do dia a dia deles”, defende a fundadora da Guten.
Fonte: EBC - Agência Brasil
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