Dados da Anatel
(Agência Nacional de Telecomunicações) divulgados nesta sexta (29) escancaram
que a crise econômica pela qual atravessa o país está obrigando o assinante
mais pobre a cancelar o serviço.
A debandada de assinantes que a TV paga
sofreu em 2015, a maior desde 2003, foi liderada por telespectadores que
habitam as periferias e morros das grandes cidades, onde a TV a cabo não chega.
Dados da Anatel (Agência Nacional de Telecomunicações) divulgados nesta sexta
(29) escancaram que a crise econômica pela qual atravessa o país está obrigando
o assinante mais pobre a cancelar o serviço.
O setor de TV por assinatura esperava
ultrapassar a casa dos 20 milhões de assinantes em 2015. Acabou encerrando
o ano servindo 19.049.764 domicílios, 535.561 a menos do que tinha em
dezembro de 2014. A queda se acentuou no segundo semestre, principalmente em
novembro. Comparada com março, último mês em que a TV por assinatura viu seus
números crescerem, a debandada foi de 712.644 assinantes em nove meses.
A perda de assinantes, no entanto, está
afetando quase somente as operadoras de DTH (sigla para direct to home, como é
chamado o serviço via satélite, captado com miniparabólicas).
Responsáveis
por 58% do mercado nacional, as miniparabólicas perderam 684 mil assinantes de
julho a dezembro. Já o cabo, com 41% do mercado, recuou só 33 mil. Isso
quer dizer que a TV por assinatura está perdendo clientes da classes C,
justamente o público que impulsionou seu crescimento "chinês" de 2009
a 2014, fazendo o setor dobrar de tamanho em apenas cinco anos. O DTH é um
serviço que atende principalmente as periferias, morros e áreas rurais.
Quando separados por operadoras, os
dados da Anatel deixam a crise do DTH ainda mais evidente. Maior operadora do
país, com atuação somente via cabo, a Net passou ilesa pela crise. Ganhou 365
mil novos clientes e fechou 2015 com 7,165 milhões de acessos, um crescimento
de 5,3%, segundo o site Tela Viva, especializado no setor.
Já a Claro,
operadora de DTH do mesmo grupo da Net (Amércia Móvil), desligou 650 mil
assinantes de sua base, um tombo de quase 20%. Também operadora de DTH, a Sky,
segunda maior empresa do setor, perdeu 199 mil clientes. Fechou o ano com 5,4
milhões de assinantes.
É o pior momento da TV por assinatura
desde 2003, quando 300 mil clientes cancelaram o serviço. Mas, diferente de 12
anos atrás, os empresários do setor ainda não falam em crise grave, apesar de
registrarem quedas nas receitas e já fazerem cortes em investimentos. Argumentam
que a retração da TV paga (2,8% no ano passado) é inferior à da média da
economia brasileira. A crise nacional é apontada como a principal vilã da perda
de assinantes (e não a Netflix).
DANIEL CASTRO
(Notícias da TV - UOL)
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