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terça-feira, 19 de janeiro de 2016

Índio de região afetada por lama em Mariana hoje vive em praça no RJ.


Um índio da tribo krenak, cujos membros vivem principalmente entre os Estados de Minas Gerais e Espírito Santo, dorme há um mês ao relento numa praça movimentada de Ipanema, no Rio de Janeiro. Ele explica o motivo: "lama, moço".



Sentado sob uma árvore, em frente à estação General Osório, do metrô, Gerson Marlon conta que trabalhava como "meeiro" numa fazenda da região da barragem de resíduos de mineração de Fundão - que rompeu em novembro e espalhou uma mancha química que cobriu rios, fazendas, vilarejos e já alcança a região do arquipélago de Abrolhos, na Bahia.

A relação de trabalho de meeiros como Marlon é precária e geralmente não inclui qualquer vínculo formal de trabalho. Eles geralmente assumem o trabalho braçal em terras pertencentes a fazendeiros e repartem com os donos da terra o resultado da produção - daí o termo, vindo do verbo informal "meiar" (dividir).

"Fui buscar uma vaca que estava faltando no fim da tarde, no dia 5 (de novembro). Toquei o berrante umas oito vezes e pensei: 'não vou tocar mais pra ela deixar de ser besta'. A vaca não apareceu e eu tive que procurar. Quando cheguei no alto do morro, tudo estava diferente. Onde tinha pasto, casa e plantação, era lama e gente gritando. A vaca estava morta. Morta embaixo do minério."

"O fazendeiro perdeu fazenda e eu perdi trabalho", prossegue o índio, de 44 anos, que vive longe da reserva Krenak desde as mortes da mãe (picada por um barbeiro, transmissor da doença de Chagas) e do pai ("bebia muito e morreu de tristeza sem ela").







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