A
terça-feira (31) foi dia de festa no Lar da Terceira Idade Padre Antonio Luiz
Dias, em Camboriú (SC). Manuel
Antunes de Souza comemorou seus 110 anos tomado uma cervejinha.
O centenário tem fama de festeiro. Em
um ritual diário, ele toca sua gaita de boca quando acorda e, claro, que não
perdeu a oportunidade de fazer música no seu aniversário. "A gaita está
fraca, mas ainda toca", brincou Manuel, já que o fôlego não é mais o mesmo.
Surpreendentemente, ele vive uma
velhice sem dores. Não sofre de nenhuma doença comum na terceira idade. Nunca
teve hipertensão, osteoporose, diabete, cegueira, surdez, mal de Parkinson,
Alzheimer, bronquite, infarto ou AVC. Essas doenças afetam três em cada quatro
idosos com mais de 60 anos, segundo o IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e
Estatística).
"Ele não se queixa de nada, é
extremamente saudável e não toma nenhum remédio", conta a coordenadora da
instituição, Paola Hoffmann.
Manuel nasceu no dia 31 de maio de
1906 em Campos Novos, no oeste catarinense. O município tinha se emancipado
havia apenas 25 anos e foi palco da Guerra do Contestado, entre 1912 e 1916,
travada por caboclos que lutavam contra a opressão do governo federal.
O idoso não sabe explicar o segredo
da sua longevidade. Teve uma vida simples, não aprendeu a ler nem escrever. Mas
cresceu integrado à natureza, plantava seus alimentos e foi como permaneceu até
não conseguir mais cuidar de si. Trabalhou durante anos como açougueiro até ir
morar num sítio em Camboriú, aos 90 anos.
Ele não teve filhos e a
companheira morreu há alguns anos. Não tem mais ninguém na família. Morou no
sítio até os 102 anos, se cuidando sozinho, mas por conselho de amigos resolveu
procurar apoio no asilo, que ele paga com a aposentadoria.
Manuel fala pouco, come pouco.
Ninguém o visita no asilo onde mora há oito anos. "Ele é lúcido, mas
não é de muita conversa", disse Hoffmann.
Apesar do acanhamento, é um homem
vaidoso. Mesmo quando morava sozinho no sítio, usava terno e gravata. Neste
aniversário ganhou de presente mais um chapéu para a sua coleção. Estava
vestido com sapato e calça social e carregava um terço no pescoço. Ele se
define como um homem religioso.
A expectativa de vida de um
brasileiro é de 75 anos, segundo o IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e
Estatística). Em Santa Catarina havia, em 2010, data do último Censo, 405
pessoas com mais de 100 anos. A idosa mais velha do
Estado, Álida Grubba, comemorou 112 anos no dia 10 de julho do ano
passado. Mas tudo indica que Manuel ainda chega lá.
Aline Torres - Colaboração para o UOL, em Florianópolis
Aline Torres - Colaboração para o UOL, em Florianópolis
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