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quinta-feira, 20 de novembro de 2014

Alérgica à proteína do leite, menina quase morreu ao ser vacinada contra sarampo

Pais de crianças com histórico de alergia à proteína do leite devem se informar antes de aplicar a Tríplice Viral


Um ato de proteção quase terminou em tragédia em Manaus, no Amazonas. Após ser vacinada com a dose da vacina tríplice viral (sarampo, rubéola e caxumba), no último dia 14, a menina Bárbara Leandra de Sousa Campos, de 4 anos, quase morreu segundos depois. Alérgica à proteína do leite, a menina precisou ser levada com urgência para um pronto-socorro, de onde só saiu no dia seguinte.

— Ninguém no posto perguntou nada sobre uma possível alergia. A reação foi de imediato. Na porta do posto, ela começou a tossir, ter falta de ar, ficar roxa. Se não tivesse um pronto-socorro em frente ao posto, ela não teria sobrevivido — contou Silvana Silva de Sousa, de 43 anos, mãe de Bárbara.

Devido a casos de reações adversas da vacina tríplice viral em crianças com alergia à proteína do leite, o Ministério da Saúde orientou as secretarias estaduais e municipais de saúde que evitem vacinar essas crianças com o produto fornecido pelo laboratório Serum Institutte of India Ltd.

Ao analisar a composição da vacina do produtor Serum, o Instituto de Qualidade em Saúde verificou a presença de lactoalbumina hidrolisada, produto que pode fazer parte de vacinas.
Em Manaus, onde Bárbara passou mal, as secretarias estadual e municipal chegaram a recomendar, dia 18, a suspensão, no estado, do uso da vacina produzida pelo Serum.


Bárbara Sousa, de 4 anos, quase morreu após ser vacinada com tríplice viral em Manaus
Bárbara Sousa, de 4 anos, quase morreu após ser vacinada com tríplice viral em Manaus 
Foto: Álbum de família


Orientação médica é fundamental

Para a alergista coordenadora da Comissão de Alergia Alimentar da Associação Brasileira de Alergia e Imunologia (Asbai), Ariana Yang, os pais de crianças que já apresentaram sintomas após a ingestão do leite devem confirmar o diagnóstico antes da vacinação:
— Caso o diagnóstico seja confirmado, é preciso buscar orientação médica para saber qual vacina é segura.

O superintendente de Vigilância Epidemiológica e Ambiental da Secretaria estadual de Saúde, Alexandre Chieppe, disse que crianças com esse histórico podem ser vacinadas com a vacina monodose:

— É a única que não tem nenhum tipo de componente do leite. Temos ela disponível no Centro de Referência para Imunobiológicos Especiais (Crie)ou nos postos. Estamos disponibilizando para todas as secretarias municipais.

A advogada Cecilia Cury, uma das coordenadoras da campanha "Põe no Rótulo" disse que a informação sobre a vacina deve ser visível aos pais:

— Assim como precisamos de informação sobre a presença de alérgenos destacada nos rótulos dos alimentos, é fundamental que tenhamos acesso a estas informações nas embalagens dos medicamentos, incluindo as vacinas.


Nota da Secretaria municipal de Saúde

Seguindo recomendação de Nota Técnica enviada pela Secretaria Estadual de Saúde (SES), a coordenação do Programa de Imunização do município está orientando os profissionais a consultarem os responsáveis pelas crianças a serem vacinadas contra o sarampo sobre possível alergia ou intolerância a componentes do leite. Em caso positivo, o menor passará por avaliação e será cadastrado para posterior vacinação em ambiente hospitalar ou no Centro de Referência para Imunobiológicos Especiais (CRIE). Nesses locais serão disponibilizadas as vacinassem lactoalbumina ou lactose em sua composição, que não oferecem risco de eventos adversos a esses pacientes.


Ministério da Saúde

O Ministério da Saúde esclarece que desde junho deste ano mais de 4,4 milhões de crianças já foram vacinadas com a tríplice viral (sarampo, rubéola e caxumba) no país, sendo que foram observadas algumas reações adversas. Os eventos foram aconteceram em crianças com histórico de alergia ao leite de vaca. Vale ressaltar que todas passam bem.

O produtor produtor Serum Institutte of India Ltd. é pré-qualificado pela Organização Mundial da Saúde (OMS) e todos os lotes da vacina, que estão em uso no país, passaram por análise no Instituto de Qualidade em Saúde (INCQS). Embora não exista na bula nenhuma contraindicação do seu uso em pessoas que apresentam alergia ao leite de vaca, como medida de precaução, o Ministério da Saúde enviou a todas as secretarias estaduais de saúde informe técnico recomendando que crianças com histórico de alergia ao leite de vaca não sejam vacinadas com a tríplice viral, do produtor Serum Institute of India Ltd. Nestas crianças, a vacinação, deverá ocorrer em uma data posteriormente.

A Organização Pan-America de Saúde (OPAS/OMS), responsável pela aquisição deste produto foi consultada para uma avaliação minuciosa sobre a possível relação causal com algum componente da vacina.


Secretaria estadual de Saúde do Rio de Janeiro

Crianças com alguma alergia ou intolerância a componentes do leite devem receber cuidados especiais e serem vacinadas durante a Campanha Nacional de Vacinação contra Sarampo. A recomendação é que, nesses casos, sejam utilizadas apenas com vacinas que não apresentam lactoalbumina ou lactose em sua composição e, por isso, não oferecem risco de reações adversas a esses pacientes. Estas vacinas estão sendo disponibilizadas a todas as Secretarias Municipais de Saúde para atender estes casos específicos.

Para segurança à saúde de todos, a Secretaria de Estado de Saúde enviou aos municípios Nota Técnica alertando e os orientando a fazer triagem consultando sobre essas especificidades, assim como intolerância ou alergia a ovo, e a encaminhar crianças com este tipo de alergia em locais especiais, como hospitais, com estrutura para atendimentos de urgência, e nos Centro de Referência para Imunobiológicos e Especiais (CRIE).

O alerta foi feito após a notificação de alguns casos de eventos adversos deste tipo no estado do Rio de Janeiro durante a Campanha Nacional de Vacinação contra o Sarampo.


Secretaria estadual de Saúde do Amazonas

A Secretaria de Estado de Saúde (Susam) e a Secretaria Municipal de Saúde (Semsa) divulgaram na manhã desta terça-feira (18) uma Nota Técnica Conjunta em que recomendam a suspensão, no Estado, do uso da vacina Tríplice Viral produzida pelo Laboratório Serum Institute of Indian Ltda. Os lotes da vacina foram enviados ao Amazonas pelo Ministério da Saúde para realização da campanha de imunização contra o Sarampo, iniciada no último dia 8 deste mês, com previsão de se estender até o próximo dia 28. A recomendação não afeta o andamento da campanha de vacinação contra a Poliomielite, que prossegue normalmente.

De acordo com a nota técnica, a decisão foi tomada após o registro de casos de “eventos adversos” acima do esperado em crianças que receberam essa vacina na capital. Investigação caso a caso, realizada pelo Centro de Referências de Imunobiológicos Especiais (CRIE) do Estado, verificou-se que os registros estão relacionados à vacina produzida pelo Laboratório Serum.

“O Amazonas reconhece a importância da campanha de seguimento do Sarampo, entretanto, tem a responsabilidade de minimizar o risco de exposição (das crianças) a eventos adversos até que esta relação (entre a vacina do Serum e os casos de reação) seja esclarecida”, destaca a nota conjunta. Com a decisão, fica interrompida a campanha de imunização contra o Sarampo que pretende alcançar, neste ano, no Estado, 344,1 mil crianças.

De acordo com o secretário estadual de Saúde, Wilson Alecrim, os casos de reação adversa foram todos imediatamente notificados ao Ministério da Saúde. “Enquanto aguardamos a manifestação do órgão, adotamos a medida de interrupção do uso dos lotes, de forma preventiva”, disse o secretário estadual de Saúde, Wilson Alecrim. Ele destacou que a campanha de vacinação contra a Poliomielite – que ocorre paralelamente – continua com sua programação normal, até o dia 28 deste mês, com a meta de imunizar 290,6 mil crianças, assim como as outras vacinas disponibilizadas na rotina às crianças não sofrerão nenhuma interferência.

De acordo com o diretor-presidente da Fundação de Vigilância em Saúde, Bernardino Albuquerque, as crianças que apresentaram reações adversas à vacina do sarampo estão sendo acompanhadas e passam bem. Nenhuma está internada. “Em todos os casos houve uma intervenção imediata de assistência, que evitaram maiores complicações”, frisou.
O secretário municipal de Saúde, Homero de Miranda Leão Neto, informou que todos os Distritos Sanitários de Saúde (Disas) da capital já foram comunicados da suspensão da campanha de vacinação contra o Sarampo. Em relação ao interior do Estado, a FVS já enviou a nota técnica a todas as secretarias municipais de saúde.




Fonte: Jornal Extra  http://extra.globo.com/noticias/saude-e-ciencia/alergica-proteina-do-leite-menina-quase-morreu-ao-ser-vacinada-contra-sarampo-14610893.html

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