Ministério da Saúde apresenta balanço com os avanços da Política de
Sangue e Hemoderivados. Um exemplo é a oferta do fator VIII recombinante.
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(imagem da internet, meramente ilustrativa) |
Para proporcionar assistência mais qualificada e maior qualidade
de vida aos cerca de 12 mil hemofílicos brasileiros, a Política Nacional de
Sangue e Hemoderivados, desenvolvida pelo Ministério da Saúde, tem alcançado
importantes avanços nos últimos anos.
Uma das principais conquistas foi o
início da oferta do Fator VIII Recombinante (Hemo 8-R), considerado o tratamento
mais moderno para hemofilia A, com a marca da Empresa Brasileira de
Hemoderivados e Biotecnologia (Hemobrás).
A oferta do Fator VIII marca o Dia Internacional da Hemofilia,
celebrado nesta sexta-feira (17). A hemofilia se apresenta por dois tipos – A
ou B –, atinge predominantemente o sexo masculino e não tem cura. A doença, que
vitimou personalidades como o cartunista Henfil e seu irmão, o sociólogo
Betinho, é grave, hereditária e genética. Entre os sintomas registrados estão
as hemorragias e sangramentos constantes.
O Brasil é o terceiro país do mundo em número de portadores de
coagulopatias (enfermidades do sangue). Diante deste cenário, desde 2004 a
Coordenação-geral de Sangue e Hemoderivados (CGSH) desenvolve uma política de
atenção aos pacientes com coagulopatias hereditárias, trabalhando tanto no
fornecimento de pró-coagulantes, quanto no fomento da assistência prestada a estes
pacientes.
Desde 2011, o Ministério da Saúde passou a promover uma série de
avanços na política de atenção aos pacientes com coagulopatias hereditárias que
impactaram, de forma positiva, na qualidade de vida dos pacientes, com a
implantação de tratamentos de Imunotolerância e Profilaxia Primária, de forma
preliminar.
No mesmo ano, o tratamento domiciliar deixou de ser considerado de
urgência e passou a ser um tratamento de prevenção e promoção à saúde, uma vez
que foi recomendada pelo Ministério da Saúde a ampliação das doses
domiciliares. A iniciativa proporcionou mais qualidade de vida ao paciente
submetido ao tratamento, oferecido pelo SUS.
Em 2012, o Ministério da Saúde recomendou a Profilaxia Secundária,
que passou a ser realizada de duas formas. Na modalidade de curta duração, o
tratamento, com reposição do fator coagulante, é administrado de maneira
intermitente por tempo determinado (3 a 12 meses) para tratamento de
sangramentos frequentes e complicações.
Pode ser aplicada a pacientes com
qualquer uma das formas de hemofilia. Já na de longa duração, o tratamento de
reposição é administrado de maneira periódica e ininterrupta a longo prazo (45
semanas por ano), iniciado após duas ou mais hemartroses (sangramento para o
interior da articulação) ou após os dois anos de idade. A profilaxia secundária
de longa duração é destinada somente a pacientes com hemofilia A ou B grave.
O conjunto das medidas adotado pelo Ministério da Saúde
possibilitou, em maio de 2014, o reconhecimento da Federação Mundial de Hemofilia
à Coordenação Geral de Sangue e Hemoderivados do Ministério da Saúde pela
contribuição na promoção do cuidado e tratamento das pessoas com hemofilia e
outras doenças hemorrágicas no Brasil.
Hemo 8-R – Considerado como o tratamento mais
moderno no mundo para a hemofilia tipo A, o fator VIII recombinante,
rotulado com a marca Hemo-8r, é resultado da parceria pública privada (P&P)
firmada pela Hemobrás para transferência e desenvolvimento de tecnologia de produção
deste medicamento em 2013. Em dezembro de 2014, os produtos resultado dessa
parceria passaram a ser ofertados no SUS com a marca da Hemobrás. Foram
distribuídas 542.500.000 UI de Fator VIII recombinante entre junho de 2013 e
março de 2015.
Entretanto, o Ministério da Saúde já disponibilizava o Fator
VIII plasmático para o tratamento dos pacientes com Hemofilia A. Durante o ano
de 2014, foram distribuídas 268.383.750 UI deste medicamento.
O medicamento plasmático é produzido a partir de proteína encontrada
no plasma do sangue humano, mas em baixa quantidade. Já o recombinante é obtido
por meio de engenharia genética. Ao contrário do fator plasmático, o
recombinante tem produção ilimitada em laboratório e, por isso, pode ser
oferecido para tratamento profilático (preventivo). Antes, o tratamento era
praticamente restrito ao atendimento de emergência.
“Estamos utilizando esse tratamento (fator VIII recombinante) pela
facilidade da produção, já que independe das doações de sangue, como
acontece com o fator VIII plasmático. O país não tem como produzir o fator VIII
plasmático para disponibilizar a todos hemofílicos. Não temos plasma das
doações suficiente para gerar 600 milhões de unidades.
O recombinante, veio,
exatamente, para suprir essa carência da produção do fator plasmático”, explica
o coordenador-geral de Sangue e Hemoderivados do Ministério da Saúde, João
Baccara. Segundo o coordenador, fator VIII recombinante é mais fácil de
produzir, pois não depende das doações de sangue. “Então, somado ao fator
plasmático, o Ministério tem condições de ampliar a oferta dos produtos e o
acesso dos hemofílicos ao tratamento”, complementa Baccara.
Em menos de dois anos foram distribuídos mais de 1,2 milhão de
frascos do recombinante para os hemocentros de todo o Brasil. A distribuição de
Fator VIII recombinante ocorre de forma regular com 35.000.000 UI/mês, o que
corresponde a 70% da necessidade mensal de Fator VIII utilizado no tratamento
dos pacientes com hemofilia A. Os outros 30% da demanda são atendidos com Fator
VIII plasmático e distribuídos para pacientes acima de 30 anos de idade por
questões de planejamento.
Em 2014, foram disponibilizados para a Hemorrede Pública nacional
cerca de 625 milhões de UI de Fator VIII, superando a meta de 3UI per capita
preconizada pela Federação Mundial de Hemofilia. No mesmo ano, as modalidades
de tratamento Profilaxia Primária e Imunotolerância foram oficializadas em
Portarias Ministeriais 364 e 478, respectivamente.
Por Fábio Ruas, da Agência Saúde
Fonte: Portal Saúde / SUS
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