'Venci
meus próprios medos', diz
vigilante após título de doutor na PB.
Vigilante cursou mestrado e doutorado, estudando durante madrugadas.
José Itamar é doutor em Ciências Sociais pela UFCG.
Lavador de carros, engraxate, jardineiro e feirante,
quando criança e adolescente.
Vigilante
durante mais de duas décadas de sua vida. Também professor há quase 20 anos e,
agora, doutor em Ciências Sociais pela Universidade Federal de Campina Grande
(UFCG).
José Itamar Sales da Silva, aos 46 anos e várias conquistas, não
desiste de sonhar: "Venci meus próprios medos. Achava que universidade era
coisa de rico. Agora vou continuar lutando, posso não chegar onde desejo, mas
não será por falta de tentativa", ressaltou.
A
trajetória de Itamar teve muitos obstáculos, mesmo antes de chegar à profissão
que lhe proporcionou a oportunidade de seguir nos estudos. O difícil percurso
também conta com a perda do pai e as reprovações nas primeiras tentativas de
cursar mestrado e doutorado, este concluído há apenas um mês.
Ele já
trabalhava como vigilante noturno - "nunca faltei a um expediente",
assegura - quando cursou a graduação em História pela Universidade Estadual da
Paraíba (UEPB). Depois começou a lecionar em escolas de Campina Grande, mas
continuou na segurança patrimonial enquanto fazia especialização em Gestão
Estratégica no Serviço Público e mestrado em Literatura e Interculturalidade,
cuja dissertação virou o livro "A representação da sogra na obra do poeta
Leandro Gomes de Barros".
Após a
conclusão do doutorado, o próximo sonho de Itamar é ser professor na
universidade onde ele trabalha como vigilante há 24 anos. "Sonho no futuro
ser professor da UEPB ou de uma instituição de ensino superior. Ao longo de
todo esse tempo, venho tentando capacitar-me para isso. Penso em dar essa
contribuição que adquiri com meus estudos para a universidade", afirma,
destacando que planeja tornar livro sua tese de doutorado "Panela que
muito mexe: o Guisado da Cultura Política do Brasil à luz da Literatura de
Cordel".
"Achava
que terminar o ensino médio era suficiente, aí fiz vestibular por incentivo da
minha esposa. Depois várias pessoas disseram para eu continuar estudando.
Muitas vezes os outros pensam que é fácil a vida, que você vai sempre passar e
conseguir. Nem sempre conseguimos de primeira, temos derrotas, mas não devemos
desistir. Tentei de novo. Tinha limitações, um complexo de inferioridade,
passei por muitas humilhações. Mas sabia das madrugadas que passei estudando. Eu
não tinha nada, hoje sou formado.
Filho de um borracheiro analfabeto, homem
digno e honrado, do qual tenho muito orgulho. Agora sou um vigilante doutor.
Minha mãe vai ter a alegria de dizer que tem um filho doutor. Meu pai, se fosse
vivo, teria a alegria de ver um filho dele chegar onde chegou", frisou.
'Educação não transforma o mundo. Educação muda pessoas. Pessoas
transformam o mundo'. (Paulo Freire)
Fonte: G1
Exemplo!23 de abril de 2015 | 16h00
ResponderExcluirO comentário aqui na cidade é um só: a história do vigilante que conseguiu o título de doutor! O primeiro caso aqui na Paraíba. Estamos falando de José Itamar Sales da Silva, de 46 anos que trabalha na Universidade Estadual da Paraíba (UEPB) e concluiu o doutorado na Universidade Federal de Campina GRANDE. Um exemplo e tanto, viu?
Agradeço ao grande Luciano Egídio por repercutir nesse conceituado blog a minha história de vida. Um grande abraço!