O Brasil possui três listas que informam oficialmente quantas
e quais são as espécies ameaçadas de extinção.
IMAGEM: wikipedia commons
Uma para a fauna, uma para a flora e outra exclusiva para peixes e
invertebrados aquáticos. São chamadas de “listas vermelhas”, pois trazem
um alerta geral sobre qual a situação em que os seres vivos se encontram no
meio ambiente.
Essas listas são
feitas minuciosamente, em um longo e complexo processo de consulta e validação
dos dados junto a cientistas e estudiosos em universidades e centros de pesquisa
espalhados por todo o território nacional e mesmo fora daqui.
De tempos em tempos, o governo
reúne esses pesquisadores e atualiza os dados, pois o meio ambiente sofre
mudanças constantes, cada vez mais velozes.
Às vezes, a
situação melhora do ponto de vista da proteção das espécies. Outras vezes, não.
A ciência também avança e aporta cada vez mais conhecimento para compor as tais
listas. Trata-se de um processo dinâmico.
Os critérios
usados na formulação das listas são definidos internacionalmente pelos
cientistas que colaboram com a União Internacional para a Conservação da
Natureza (IUCN, na sigla em inglês). São critérios aceitos, inclusive, no
âmbito da Convenção da Biodiversidade das Nações Unidas, da qual o Brasil é
signatário. Com isso, o país assumiu internacionalmente que vai seguir a
política de formulação e manutenção das listas vermelhas.
De modo geral,
tais listas organizam os seres vivos em doze diferentes graus de ameaça, que
vão desde a extinção completa da espécie – o que é uma perda irreparável do
ponto de vista da biodiversidade – até as que estão vulneráveis, têm baixo
risco de ameaças ou aquelas cuja situação não se conhece, por falta de dados
científicos disponíveis.
Creative Commons - CC BY 3.0 - Macaco
em extinção, Cuxiú-preto
Alguns números
Só para se ter
uma ideia, o Brasil tem 3.286 espécies ameaçadas de fauna e flora, sendo: 698
espécies ameaçadas de animais terrestres (165 estão na categoria mais grave:
“criticamente em perigo”, com altíssimo risco de extinção). Isso representa
cerca de 27% de todas as espécies analisadas.
São 475 espécies
ameaçadas de animais aquáticos e marinhos (153 delas “criticamente em perigo”)
e 2.113 espécies ameaçadas de plantas (467 delas “criticamente em perigo”).
Mas o nem só de
más notícias vivem as listas de espécies ameaçadas.
Cerca de 300
espécies que estavam nas listas anteriores deixaram de constar nas listas
atualmente em vigor. Ente elas, 88 animais terrestres, 82 aquáticos e 89
plantas. Entre essas espécies, algumas emblemáticas como arara-azul-grande e a
baleia Jubarte. Outras espécies mudaram de posição nas listas, graças a medidas
de conservação tomadas justamente com base em listas anteriores.
Eis uma das boas
coisas das listas: elas orientam as políticas de governos para o meio ambiente,
indicam caminhos para novas pesquisas e chegam a orientar importantes decisões
econômicas, como no caso da lista dos peixes e invertebrados aquáticos, muitos
deles usados para a alimentação humana. Neste caso, entrar para a lista pode
significar ganhar proteção.
Uso comercial e impacto social
Das três listas
vermelhas do Brasil, duas relacionam espécies usadas comercialmente ou que têm
importância social e econômica para comunidades locais: a de plantas, e a de
peixes e invertebrados aquáticos.
A lista de
peixes e invertebrados inclui desde moluscos até tubarões. Para ter algum tipo
de uso em larga escala, as espécies precisam figurar, pelo menos, na categoria
de “vulneráveis” – o que significa que há certa disponibilidade desse recurso
na natureza e que o manejo bem feito poderia assegurar sua sobrevivência.
No caso da lista dos peixes e invertebrados aquáticos, há forte pressão
do setor pesqueiro para rever a publicação do governo seja revista. É que ela inclui
espécies como como badejos, chernes, garoupas, cações e tubarões.
Creative Commons - CC BY 3.0 - Elacatinus
figaro - Risco de extinção
Franklin
Samir Dattein
Mas esta lista
de peixes está temporariamente suspensa por decisão liminar do Tribunal Regional
Federal da 1ª Região (TRF1), a pedido da indústria pesqueira.
Enquanto isso, a
coleta de algumas espécies continua preocupando a sociedade.
Além disso, as
listas vermelhas do Brasil enfrentam outras ameaças.
Projetos de lei
e iniciativas de parlamentares no Congresso Nacional querem acabar de vez com
as listas, ou diminuir muito o poder que elas têm de influir sobre o destino da
biodiversidade nacional.
SAIBA MAIS:
Nenhum comentário:
Postar um comentário