Uma pesquisa da Pontifícia
Universidade Católica (PUC) de Minas Gerais e da Fundação Ezequiel Dias (Funed)
atestou a eficiência do uso dos óleos de orégano e de cravo para matar as
larvas do mosquito Aedes aegypti. O próximo passo do estudo será
desenvolver a fórmula para um larvicida, que será colocado à disposição do
mercado.
Em contato com o criadouro, os
óleos matam as larvas em até 24 horas. A pesquisadora Alzira Batista Cecílio
espera que até o meio do ano a formulação já esteja pronta para ser apresentada
à indústria. "Produto natural não pode ser patenteado. Então, só após a
formulação do larvicida, poderemos patentear e iniciar as negociações com as
empresas", afirma.
O estudo é um desdobramento de
outra pesquisa mais ampla, que testa o uso de produtos naturais para combater
diversos tipos de vírus. "Nesse cenário preocupante em relação ao vírus da
dengue, nós decidimos começar a estudar também plantas que pudessem eliminar o
vetor", acrescenta Alzira. Além da dengue, o mosquito Aedes
aegypti é o transmissor do vírus Zika e da febre chikungunya.
O orégano e o cravo foram
selecionados após análise de mais de 20 plantas. O óleo é extraído com o uso de
equipamentos específicos. Por essa razão, não adianta por exemplo colocar
folhas de orégano ou cravo nos vasos das plantas.
Neste momento, está sendo feito
o estudo fitoquímico, para detalhar a composição química dos óleos.
Futuramente, está previsto também o teste desses óleos no combate a outras
fases da vida do mosquito, o que pode levar ao desenvolvimento de um inseticida
aerosol ou um repelente. A pesquisadora alerta, porém, que esses produtos são
apenas ferramentas auxiliares para combater o Aedes. "Eliminar
os criadouros continua sendo o ponto chave", reitera.
Larvicida degradável
Segundo Alzira Cecílio, o
objetivo é desenvolver um produto que não contamine o meio ambiente, já que a
maioria dos criadouros de larvas está espalhada. Elas podem ter contato com
animais e até água voltada para o consumo humano, como por exemplo nas caixas
d'água. "Queremos um larvicida que seja degradado rapidamente e não
contamine a água, ao mesmo tempo em que tenha boa eficácia. A maioria dos
larvicidas usados hoje exige algum cuidado na aplicação e deixa a água com
alguma toxicidade", explica.
No mês passado, uma nota
técnica da Associação Brasileira de Saúde Coletiva (Abrasco) gerou polêmica ao
criticar os larvicidas usados atualmente. O governo do Rio Grande do Sul chegou
a suspender o uso do Pyriproxifen, ao considerar que o produto poderia estar
relacionado à ocorrência de microcefalia em bebês. A própria Abrasco negou que
tenha colocado essa possibilidade em questão.
Em entrevista à Agência
Brasil, o coordenador do grupo de saúde e ambiente da Abrasco, Marcelo
Firpo, explicou que foi um mal-entendido, mas reafirmou que a entidade é contra
o uso de agentes químicos na água potável e que danos à saúde decorrentes
desses produtos não estão descartados. "Consideramos um contrassenso
sanitário, um absurdo a colocação de veneno larvicida na água potável",
disse.
Edição: Graça Adjuto
Léo Rodrigues - Correspondente da Agência Brasil
(EBC)
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