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domingo, 3 de julho de 2016

Agricultores familiares conquistam espaço para feiras em Teresópolis.


Circuito experimental “Vem pra Roça” supera expectativas. Projeto para sua normatização será entregue à Prefeitura. 


O que era para ser apenas uma experiência para a comercialização de produtos da agricultura familiar em Teresópolis, na Região Serrana do Rio de Janeiro, se tornou um grande sucesso que promete ser permanente. O Circuito de Feiras da Agricultura Familiar 'Vem pra Roça' surgiu como um teste, mas, ao conquistar o público rapidamente, provou que a qualidade da produção familiar já é uma prioridade do público.

Promovido pela Emater-Rio e pelo Programa Rio Rural, com apoio da Prefeitura Municipal de Teresópolis, o circuito começou em abril nas praças da cidade. Além da aprovação da população, o sucesso das feiras empoderou os produtores rurais, que se articularam para formalizar a iniciativa. No próximo dia 13 de julho, às 16 horas, eles entregarão ao prefeito Mário Tricano um projeto para a normatização das feiras da agricultura familiar e também da feira de orgânicos promovida pela Associação Agroecológica de Teresópolis (AAT).

De abril a junho, os produtores contaram com o apoio dos estandes cedidos pela Emater-Rio. No entanto, neste mês de julho, as barracas serão destinadas a outros eventos pelo estado. Com os resultados positivos da feira, os próprios produtores se uniram e conseguiram a parceria de um carpinteiro da cidade, Isaías Castro. A partir de agora vão continuar promovendo as Feiras da Agricultura Familiar com estandes alugados. 

“Conseguimos o apoio do Isaías, que faz as barracas da feira e orgânicos, e neste primeiro momento ele vai nos alugar. Com a normatização da feira, nossa intenção é comprar as barracas. Estamos muito unidos e empolgados. É a primeira vez que participamos de feira. Sempre vendemos para atravessadores ou mercadinhos da cidade, e esse contato direto com os consumidores está sendo muito bom e lucrativo”, comemorou o produtor Manoel Luis Ventura, da localidade de Santa Rita. Ele é um dos produtores incentivados pelo Rio Rural Emergencial em Teresópolis após as chuvas de 2011. 

Segundo o carpinteiro Isaías Castro, que faz questão de acompanhar os produtores a cada feira, os estandes serão alugados a preços mais acessíveis. “Combinamos um valor bem baixo, para que eles pudessem trabalhar. Meu pai também foi produtor e conheço todas as dificuldades que enfrentam. Eles só terão que trazer as mercadorias para a feira. A montagem e desmontagem das barracas ficará por nossa conta”, explicou, elogiando a organização dos produtores.

Produtos mais perto dos consumidores

As feiras são realizadas às quartas-feiras na Praça Governador Portella, atrás do prédio da Prefeitura, e aos sábados, na Praça Maria Corina Paim, na Barra do Imbuí. A qualidade, variedade e bons preços dos produtos chamam a atenção dos consumidores, que têm acesso a legumes, hortaliças e frutas da agricultura convencional e orgânica, além de ovos de galinhas caipiras, pães, bolos e artigos de artesanato.

“A grande maioria dos produtores aqui está participando de uma feira pela primeira vez. Na realidade, Teresópolis estava sem um espaço para feiras da agricultura familiar há anos. Os consumidores estavam contando apenas com a venda em mercados e mercearias. Do ponto de vista econômico e familiar, a feira está sendo um diferencial na geração de renda da família desses agricultores e uma oportunidade para os consumidores adquirirem produtos frescos e de qualidade diretamente dos produtores”, explicou a extensionista e engenheira agrônoma da Emater-Rio, Monique Lopes Pereira Silva. Segundo ela, as feiras eram uma demanda dos produtores, e o assunto foi debatido em várias reuniões dos Comitês Gestores de Microbacias (Cogems). Participam das feiras produtores das microbacias do Baixo Rio Paquequer e do Rio Formiga.

União e diversificação de cultivos

Para o secretário estadual de Agricultura, Christino Áureo, a articulação dos produtores em Teresópolis é um exemplo da autonomia dos produtores rurais, estimulada pelo Programa Rio Rural. “Nossa missão é fazer com que os agricultores familiares sejam protagonistas de suas histórias. Ninguém melhor do que eles para saber quais são as demandas prioritárias de suas comunidades. Com a união entre os produtores e o apoio dos nossos programas, os grupos serão cada vez mais fortes em suas atividades”, destacou. 

O casal de produtores José Anderson Pimentel e Vânia Maria, da localidade de Bonsucesso, é um dos mais empolgados com as feiras. Antes, eles só produziam dois tipos de hortaliças, repassadas para comerciantes. Com apenas três meses de participação nas feiras, o casal diversificou o plantio e hoje conta com 23 produtos. “Além de oferecer mais produtos para os consumidores, conseguimos, com o contato direto aqui na feira, fazer entrega para dois condomínios e restaurantes. As feiras são mostruários da produção dos agricultores e uma nova oportunidade de comercialização para todos nós”, ressaltou Vânia. 

O mesmo aconteceu com o produtor Fabrício Pinto Ribeiro, da localidade de Andradas, que só produzia couve e coentro e agora também diversificou a produção de hortaliças, além de investir em frutas. “Eu sempre cultivei banana e limão galego no sítio, mas nunca pensei em vendê-los. Com a feira, aprendi que temos mais possibilidades de produção e de venda com a diversificação”, declarou.

Protagonismo das mulheres e produção agroecológica

Uma característica da Feira da Agricultura Familiar é a participação de mulheres e jovens produtores. Muitas esposas e filhos participam do espaço, enquanto os homens permanecem nos sítios. É o caso da produtora Cíntia Cristina Silva da Cruz de Castro: enquanto ela cuida das vendas na feira, o marido Adalberto trabalha no plantio. “Com a feira estamos aprendendo muito. Nossa intenção é sair do convencional e adotar a produção orgânica. Estamos participando de cursos e fazendo visitas em sítios orgânicos para fazer essa mudança. Vemos muitas possibilidades com os orgânicos, não apenas para vendas, porque os consumidores estão mais preocupados com a saúde e com a qualidade dos produtos”, comentou Cíntia. 

Para Monique Silva, as feiras criam oportunidades e enriquecem a agroecologia. “Os produtores passam a acreditar no projeto de diversificação da produção, nos orgânicos, na produção sustentável, porque começam a ver retorno. Eles acabam produzindo naturalmente de forma agroecológica”, explica a extensionista.

De acordo com a Emater-Rio, Teresópolis conta hoje com cerca de 3.500 agricultores familiares atuando nas atividades de olericultura e fruticultura, produção de plantas medicinais, aromáticas e ornamentais, criação de animais e artesanato. A normatização das feiras na cidade vai garantir a venda direta de produtos de qualidade e frescos entre produtor e consumidor, além de gerar melhoria da qualidade de vida e renda para muitos deles. 


A extensionista e engenheira agrônoma da Emater-Rio, Monique Lopes Pereira Silva explicou que a grande maioria dos produtores nunca tinha participado de feiras. (Crédito: Andreia Constâncio) 


O produtor Valdeli da Costa Cardoso está empolgado com as feiras e acredita ser o melhor meio de venda e contato direto com os consumidores. (Crédito: Andreia Constâncio) 


Vânia Maria ajuda o marido na feira. Casal de produtores também diversificou a produção e hoje cultiva 23 produtores para atender os consumidores. (Crédito: Andreia Constâncio) 


O produtor Fabrício Pinto Ribeiro só produzia dois produtos e com a feira diversificou sua produção. (Crédito: Andreia Constâncio)







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