Representantes da indústria e dos
trabalhadores da Garoto temem que a a perda do bombom Serenata de Amor
enfraqueça a fábrica capixaba e leve a receita do faturamento do produto para
outro lugar.
O anúncio da venda da fábrica de chocolates da Garoto para a Nestlé, em 2002, causou um grande temor nos capixabas com a possibilidade de que a indústria pudesse deixar o Espírito Santo.
Quatorze anos depois, a possibilidade da venda da produção do bombom Serenata
de Amor, principal produto da empresa capixaba, traz de volta a sensação de
perda de um símbolo local.
Pelo menos esta é a análise que faz a
presidente do Sindicato dos Trabalhadores em Alimentação e Afins do Espírito
Santo (Sindialimentação-ES) e funcionária da Garoto, Linda Moraes. Ela afirma
que ficou sabendo da possibilidade de venda da produção do Serenata pela
imprensa e que o clima entre os trabalhadores do setor é de insegurança.
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pode sair da Garoto
"Faremos o que tiver ao nosso
alcance para preservar a fábrica em Vila Velha, a venda do principal produto da
Garoto, o Serenata, preocupa. Não sabemos se isso irá impactar na produção e na
diminuição dos postos de trabalho. Quando ela foi vendida, em 2004, recebemos a
garantia de que a Garoto não seria enfraquecida, que a fábrica e a sua produção
permaneceria no Estado. Ela é um patrimônio do Espírito Santo, somos a favor
que se resolva este impasse entre a Nestlé e a Garoto, mas sem perdas para a
fábrica os capixabas", conta.
Desde a época da aquisição da
Chocolates Garoto, em 2002, há um impasse entre a Nestlé e o Conselho
Administrativo de Defesa Econômica (Cade), que teme que a união das empresas, o
que representaria 58% do faturamento do mercado de chocolates no país, pudesse
causar prejuízos para a concorrência no setor.
O presidente da Federação das
Indústrias do Espírito Santo (Findes), Marcos Guerra, lembra que a compra da
fábrica capixaba, naquele período, era vista de maneira positiva, com a
aproximação de uma líder do mercado de chocolates com o Espírito Santo. Para
ele, esta movimentação de retirada de um carro-chefe da Garoto representa uma
"quebra de confiança" para os capixabas.
"Dizia-se que não perderíamos a
Garoto, mas que ganharíamos a Nestlé. Fica uma sensação de impotência agora.
Para o Estado é muito ruim. A Garoto é um símbolo da cultura capixaba e tem uma
importância grande para nossa economia. Tudo o que se fatura hoje em cima da
venda do Serenata de Amor será repassado para onde estará instalada a indústria
que adquirir a marca. Os capixabas precisam se unir e brigar por este
ativo", declara.
OUTRO LADO
Questionada sobre a possibilidade da
venda, a Nestlé afirma em nota que é comprometida com o crescimento e
fortalecimento da Garoto, que possui uma história de 86 anos no Estado do
Espírito Santo. A empresa informa que investe na ampliação e modernização de
linhas de operação da fábrica e promove a exportação de seus produtos para mais
de 40 países.
Sobre o impasse com o Cade, a Nestlé
diz que respeita a legislação concorrencial vigente no país e, há 14 anos,
demonstra disposição e empenho em encontrar uma solução para a questão
antitruste decorrente da operação.
Autor: Rafael Silva | rfreitas@redegazeta.com.br
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