A
proposta de criar planos de saúde mais baratos e com menos serviços do que os
já existentes, feita pelo ministro da Saúde, Ricardo Barros, tem gerado
polêmica no setor.
Por um lado, as operadoras apoiam uma revisão das regras setoriais, por
outro, profissionais ligados à saúde coletiva dizem que as medidas trariam
perdas para o Sistema Único de Saúde (SUS).
Solange Beatriz Mendes, presidente da FenaSaúde, associação que
representa algumas das maiores operadoras de planos de saúde do país, entende
que o setor tem que pensar novos produtos já que os custos para operadoras
estão “excessivamente altos”. “Hoje temos custos na saúde acima da capacidade
de pagamento da sociedade, tanto de empregadores quanto de pessoas físicas,
então temos que encontrar um modelo que atenda a expectativa da população
dentro do tamanho do seu bolso”.
A ideia de Ricardo Barros é criar uma nova opção de planos de saúde com
preços mais acessíveis e com mais gente usando a saúde privada, desafogando um
pouco o SUS. O ministro tem defendido que o orçamento da pasta nunca conseguiu
arcar com todas as despesas desde a criação do SUS e que quanto mais pessoas
contratarem planos de saúde, melhor para a saúde do país como um todo.
Atualmente, a Agência Nacional de Saúde Suplementar (ANS), órgão
responsável por regular o setor de planos de saúde, tem um rol de procedimentos
obrigatórios que todas as empresas devem ofertar aos clientes.
Saiba Mais
“O rol é constituído com bases técnicas que levam em consideração o
custo efetividade e evidências clínicas. Uma coisa é o rol, outra é todo o
modelo que os produtos observam. Quando falo de modelo, é o padrão de
acomodações, hierarquia de acesso, algumas variantes dentro do arcabouço legal
que a gente possa trabalhar para evitar ocorrência de desperdícios”, disse
Solange.
Crise
Em um período de alta do desemprego, entre maio de 2015 e maio de 2016,
os planos de
saúde perderam 1,4 milhão de usuários. Para Solange, o momento
crítico pede revisão do modelo da saúde suplementar, já que estes ex-usuários
irão passar a usar mais o SUS. ”O setor de saúde tem uma relação direta com
emprego e renda. Portanto, os recursos estão escassos e precisa-se da
compreensão de toda a sociedade para conseguir dar acesso à saúde para toda a
população”.
Por outro lado, especialistas em saúde coletiva e membros do Conselho
Nacional de Saúde vêm defendendo que a solução é garantir mais investimentos
para a saúde pública. Logo que Barros tornou pública sua proposta, a Associação
Brasileira de Saúde Coletiva em parceria com o Instituto de Defesa do Consumidor
emitiram nota adiantando que entrarão na Justiça caso os planos de saúde
populares virem realidade.
Para as entidades, é falsa a ideia de que planos de saúde mais baratos
aliviarão a rede pública. “No momento de recessão, desemprego e inflação, o que
a população mais precisa é de proteção social e, portanto, de mais
investimentos no SUS “, diz a nota.
Segundo as entidades, os planos de saúde já cometem “abusos” como
negações e exclusões de cobertura, barreiras de acesso para idosos e doentes
crônicos, reajustes proibitivos e rescisões unilaterais de contratos, demora no
atendimento, e o modelo novo só pioraria o cenário.
Edição: Aécio Amado / Aline
Leal - Repórter da Agência Brasil
>>> DIVULGAÇÃO <<<
Nenhum comentário:
Postar um comentário