Contato

Contato

terça-feira, 27 de dezembro de 2016

Vendedora chama mulher de 'macaca' e vai parar na delegacia


O crime ocorreu na Curva da Jurema, em Vitória

Rosalina Maria da Silva foi vítima de injúria racial na Curva da Jurema, em Vitória
Rosalina Maria da Silva foi vítima de injúria racial na Curva da Jurema, em Vitória / Foto:Elis Carvalho NA



Uma vendedora ambulante, de 54 anos, foi detida por injúria racial após ofender uma outra vendedora, de 32 anos, a xingando de 'macaca', na sexta-feira (23). A confusão aconteceu quando a vítima, que atua na Curva da Jurema com o alvará da prefeitura, pediu para que a acusada não vendesse no mesmo ponto que ela.

De acordo com a ambulante Rosalina Maria da Silva, 32, ela vende água e bebidas há quatro anos no mesmo ponto do calçadão da Curva da Jurema, em Vitória. Por volta das 11h30 da sexta-feira (23), outra vendedora, de 54 anos, que costuma atuar na areia decidiu parar no mesmo ponto que a vítima.
“Eu disse que tinha alvará para vender ali e pedi que ela fosse pra areia, como sempre faz, pois iria prejudicar minha venda parada do meu lado. A praia é grande, tem espaço para todos. E não faz sentido duas pessoas vendendo a mesma coisa no mesmo ponto”.
Com uma garrafa de cachaça nas mãos, a mulher de 54 anos não gostou do que ouviu. Ela iniciou uma discussão com a vítima que estava com o filho e o enteado, ambos de 11 anos.
“Tinha acabado de comprar o presente das crianças. Eles estão de férias e foram me acompanhar. A acusada parecia bêbada e começou a me xingar de ‘macaca de rua’. Ela repetia isso várias vezes. Sou negra e amo minha raça, mas não sou macaca, não sou um bicho, e não vou admitir que alguém me chame assim. Na mesma hora eu acionei o 190”, lembrou.
A Polícia Militar chegou e a acusada não se intimidou com a presença dos PMs, continuando os xingamentos na frente dos policiais. Ela foi encaminhada à 1ª Delegacia Regional de Vitória.
“Até mesmo na delegacia, quando passei por ela para assinar meu depoimento, ela continuou me chamando de macaca. Falou que na verdade queria dizer que eu era ‘macaca velha’ (experiente) e que eu entendi errado. Mas não foi isso. Ela me chamou de ‘macaca de rua’ com a única intenção de me humilhar e ofender”.
A acusada foi autuada por injúria racial e uma fiança de R$ 300 foi arbitrada. Até a publicação desta reportagem nenhum familiar havia aparecido na delegacia para pagar a quantia, que pode ser paga até às 7 horas de sábado (24). Como ainda não há a informação de que a acusada será presa ou solta, a reportagem não pode divulgar o nome dela.
“Eu sofro com o racismo todos os dias. São olhares, pessoas com medo de mim, comentários... Mas assim, com alguém me xingando na minha cara, é a segunda vez. E pela segunda vez eu venho à delegacia. Mesmo ouvindo que ‘não vai dar nada’, como eu ouvi hoje da acusada, quem sofre racismo tem que denunciar. Fui muito bem tratada pelo delegado, que me garantiu que ela seria autuada porque racismo é coisa séria”.






Nenhum comentário:

Postar um comentário