O crime ocorreu na Curva da Jurema, em Vitória
Rosalina Maria da Silva foi vítima de injúria racial na Curva da Jurema, em Vitória / Foto:Elis Carvalho NA
Uma
vendedora ambulante, de 54 anos, foi detida por injúria racial após ofender uma
outra vendedora, de 32 anos, a xingando de 'macaca', na sexta-feira (23). A
confusão aconteceu quando a vítima, que atua na Curva da Jurema com o alvará da
prefeitura, pediu para que a acusada não vendesse no mesmo ponto que ela.
De acordo com a
ambulante Rosalina Maria da Silva, 32, ela vende água e bebidas há quatro anos
no mesmo ponto do calçadão da Curva da Jurema, em Vitória. Por volta das 11h30
da sexta-feira (23), outra vendedora, de 54 anos, que costuma atuar na areia
decidiu parar no mesmo ponto que a vítima.
“Eu
disse que tinha alvará para vender ali e pedi que ela fosse pra areia, como
sempre faz, pois iria prejudicar minha venda parada do meu lado. A praia é
grande, tem espaço para todos. E não faz sentido duas pessoas vendendo a mesma
coisa no mesmo ponto”.
Com
uma garrafa de cachaça nas mãos, a mulher de 54 anos não gostou do que ouviu.
Ela iniciou uma discussão com a vítima que estava com o filho e o enteado,
ambos de 11 anos.
“Tinha
acabado de comprar o presente das crianças. Eles estão de férias e foram me
acompanhar. A acusada parecia bêbada e começou a me xingar de ‘macaca de rua’.
Ela repetia isso várias vezes. Sou negra e amo minha raça, mas não sou macaca,
não sou um bicho, e não vou admitir que alguém me chame assim. Na mesma hora eu
acionei o 190”, lembrou.
A
Polícia Militar chegou e a acusada não se intimidou com a presença dos PMs,
continuando os xingamentos na frente dos policiais. Ela foi encaminhada à 1ª
Delegacia Regional de Vitória.
“Até
mesmo na delegacia, quando passei por ela para assinar meu depoimento, ela
continuou me chamando de macaca. Falou que na verdade queria dizer que eu era
‘macaca velha’ (experiente) e que eu entendi errado. Mas não foi isso. Ela me
chamou de ‘macaca de rua’ com a única intenção de me humilhar e ofender”.
A
acusada foi autuada por injúria racial e uma fiança de R$ 300 foi arbitrada.
Até a publicação desta reportagem nenhum familiar havia aparecido na delegacia
para pagar a quantia, que pode ser paga até às 7 horas de sábado (24). Como
ainda não há a informação de que a acusada será presa ou solta, a reportagem
não pode divulgar o nome dela.
“Eu
sofro com o racismo todos os dias. São olhares, pessoas com medo de mim,
comentários... Mas assim, com alguém me xingando na minha cara, é a segunda
vez. E pela segunda vez eu venho à delegacia. Mesmo ouvindo que ‘não vai dar
nada’, como eu ouvi hoje da acusada, quem sofre racismo tem que denunciar. Fui
muito bem tratada pelo delegado, que me garantiu que ela seria autuada porque
racismo é coisa séria”.
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