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quinta-feira, 30 de abril de 2015

Assembleia Legislativa de SP cria 244 cargos SEM concurso público

Reprodução/Alesp
Os deputados estaduais Fernando Capez (PSDB), Enio Tatto (PT) e Edmir Chedid (DEM): Autores dos quatro projetos que criam 244 cargos sem concurso público na Alesp.
28/04/2015 /  por Conceição Lemes / Do Viomundo
O governador do Estado de São Paulo está passando a tesoura em vários setores. Geraldo Alckmin (PSDB) não deu um tostão de aumento aos professores da rede pública estadual. Cortou programas sociais. Fechou oficinais culturais. Propôs o  fechamento do Centro de Estudos e Pesquisas de Administração Municipal (Cepam) e da Fundação de Desenvolvimento Administrativo (Fundap).
Enquanto isso, a mesa diretora da Assembleia Legislativa do Estado de São Paulo (Alesp) está prestes a promover uma verdadeira farra com o dinheiro do contribuinte.
Os seus integrantes — os deputados estaduais Fernando Capez (presidente, PSDB), Enio Tatto (1º secretário, PT) e Edmir Chedid  (2º secretário, DEM) – tiveram a iniciativa de propor quatro projetos de resolução, que preveem a criação de 244 cargos em comissão, com salários que variam entre R$ 4,8 mil a R$ 17,7 mil. Totalizando um gasto mensal de cerca de R$ 1,5 milhão, além dos encargos sociais.
Os 244 cargos são de livre nomeação, sem concurso público. São os chamados de confiança. Não é à toa que já estão  sendo de novo trem de alegria da Alesp. Projetos de resolução equivalem a projetos de lei. A diferença é que não estão sujeitos a vetos do governador.
A tramitação, demasiadamente apressada dos quatro projetos, sem quase discussão com as bancadas ou audiência pública, reforça essa suspeita.
Em 18 de abril, eles foram publicados no Diário Oficial do Legislativo:
Projeto de resolução 8/2015 — Cria 25 cargos para novas lideranças. Aparentemente, pela leitura, são para Capez, Tatto e Chedid. Mas direciona outros cargos ilegalmente para a presidência, 1ª Secretaria  e 2ª Secretaria. Além disso, dispõe sobre a criação de cargos em comissão no Quadro de Servidores da Assembleia Legislativa (QSAL)
Projeto de Resolução  9/2015 — Cria o Sistema de Avaliação de Desempenho da Administração Pública (SADAP) da Alesp, institui o Núcleo de Avaliação Estratégica (NAE) e disciplina a realização de audiências itinerantes. Estão previstos 151 cargos.
*Projeto de Resolução 10/2015 – Institui a Ouvidoria do Parlamento na Alesp. Cria 34 cargos.
Projeto de Resolução 11/2015 – Cria o gabinete da Corregedoria Parlamentar na Alesp. Somam 34 cargos.
Em 23 de abril, os quatro projetos tiveram aprovada a tramitação de urgência no plenário da Casa. Em consequência, os parlamentares só tiveram um dia para apresentar emendas. O que seria feito na sexta-feira (24).
Nessa segunda-feira (27), o relator, o deputado Carlão Pignatari (PSDB), deu parecer favorável aos quatro projetos quanto aos aspectos constitucional, legal e jurídico.
Ao mesmo tempo, Pignatari rejeitou as quatro emendas propostas na sexta-feira (24) pelos deputados estaduais Professor Auriel, Carlos Neder, João Paulo Rillo e Marcia Lia, todos do PT e contrários aos projetos em questão (está na página 10 do Diário Oficial do Legislativo). As emendas previam que os cargos fossem preenchidos por concurso público ou por funcionários públicos efetivos da Alesp, que conta com  excelentes quadros técnicos subaproveitados.
“Esses projetos são, no mínimo, inoportunos, considerando os cortes que o governador está fazendo em áreas essenciais, como educação”, critica o deputado estadual João Paulo Rillo (PT).
“Há também um problema de conceito. A justificativa é de que esses projetos vão criar cargos para Ouvidoria e o Núcleo de Avaliação Estratégica. Avaliação estratégica de quê?”, questiona Rillo. “É para substituir deputados? O que então eu estou fazendo aqui?”
A suspeita – é o que se comenta nos corredores da Alesp — é que os cargos seriam um compromisso de campanha de Capez para garantir a eleição para o comando da Casa em março deste ano.
“Na sexta-feira, o Neder, o Professor Auriel, Márcia Lia e eu soltamos uma nota,  criticando os projetos, a falta de discussão e propondo emendas”, expõe Rillo.
“O Capez me ligou muito louco da vida. Disse que os cargos não seriam preenchidos por gente desqualificada e que o Núcleo de Avaliação Estratégica seria coordenado por um promotor de Justiça”, conta Rillo.
“Isso não me convence, só piora a situação”, prossegue Rillo. “O Capez quer substituir a legitimidade de um deputado eleito pelo voto da população por um promotor de Justiça aposentado. Não tem sentido!”
Esta repórter tentou falar com o deputado Fernando Capez. Foram várias tentativas por telefone para a secretária da Presidência da Alesp e para a sua assessoria de imprensa. Também enviou as perguntas por e-mail. Segundo a sua assessoria, ele estava em um compromisso na Casa. Depois, foi para uma entrevista na Rede Vida. Às 22:09 dessa segunda-feira (28), sua assessora de imprensa ligou e enviou torpedo, dizendo: “o pres quer falar com vc”.
Como naquele exato momento eu estava no meio de uma entrevista, em outra linha, e não podia falar, respondi por torpedo. Pedi que ligasse em dez minutos. Fiz isso três vezes. Na última, disse que poderia me ligar em dez minutos ou que respondesse por e-mail. Nenhuma coisa nem outra.
Por cautela, como última tentativa, nessa terça-feira (28), contatei de novo a assessora de imprensa de Capez. Ficou de falar com a mesa diretora. Não retornou até às 12h, quando publicamos esta reportagem.

Detalhe: Os quatro projetos já estão prontos para serem votados no plenário da Alesp a partir desta terça-feira (28).
Fonte: Brasil de Fato

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