Foto: Mateus Pereira/Fotos Gov-BA
Os enxadristas
brasileiros que possuem a titulação máxima no esporte, de Grande Mestre (GM),
têm em comum a forte influência familiar por intermédio da herança cultural
pelo esporte e iniciação precoce, entre os 2 e os 11 anos de idade. É o que
observou Jéssica dos Anjos Januário em sua monografia de bacharelado em
Educação Física e Esporte apresentada à Escola de Educação Física e Esporte de
Ribeirão Preto (EEFERP) da USP. Ela estudou o caminho percorrido pelos grandes
mestres do xadrez no Brasil.
Pesquisa permitiu
conhecer a trajetória dos Grandes Mestres enxadristas até alcançarem o título
Orientada pelo
professor Renato Francisco Rodrigues Marques, da EEFERP, Jéssica analisou
entrevistas de onze enxadristas com o título de GM no País. Queria conhecer a
trajetória que percorreram até alcançar o título, além do contexto
sociocultural e pedagógico que permearam suas formações de sucesso. Foi quando
a influência familiar e a iniciação precoce ressaltaram. “Esta iniciação é
adequada através do sentido lúdico das atividades de aprendizagem em ambiente
familiar capazes de proporcionar o gosto e a aquisição pelo prazer da prática
ainda na infância”, observa. A pesquisadora observou também que todos
apresentaram dificuldades semelhantes devido ao contexto brasileiro.
Incentivadora do
xadrez como esporte nacional, Jéssica acredita na escola como uma das
principais responsáveis pelo crescimento “dos meios de acesso e manutenção da
prática do xadrez” na realidade do Brasil. Ela é jogadora de xadrez da equipe
de Ribeirão Preto, atual campeã dos Jogos Regionais e Jogos Abertos do Interior
de São Paulo, professora de xadrez de uma Escola de Educação Infantil e Ensino
Fundamental de Ribeirão Preto e árbitra da Confederação Brasileira de Xadrez.
Segundo ela, o
número de praticantes cresceu durante as últimas décadas, principalmente pelos
incentivos públicos e privados direcionados ao xadrez escolar. Ela acredita
que, além dos benefícios educacionais diretos que a prática é capaz de
proporcionar “a inserção do xadrez no ambiente escolar, em longo prazo, será
capaz de formar gerações que terão a oportunidade e compartilhar a cultura
específica desta modalidade”.
O contato
inicial nos primeiros anos escolares, segundo Jéssica, pode oferecer chances de
desenvolvimento do xadrez na idade adulta, conforme o sucesso observado nos
casos dos Grandes Mestres brasileiros que estudou.
Mas avisa que
apenas inserir o esporte na grade curricular não basta. “É preciso saber quem,
onde e com quais objetivos estamos ensinando”, recomenda. Como qualquer
modalidade esportiva, a prática do xadrez, segundo a pesquisadora, deve estar
contextualizada ao ambiente sociocultural que a insere, além, é lógico, de
saber quais “os objetivos, as potencialidades, as limitações e significados
apresentados pelos praticantes”.
Além disso, os
métodos de ensino utilizados para a prática do xadrez nas escolas devem ser
diferentes daqueles empregados em momentos de lazer e também dos métodos
empregados em treinos de alto rendimento. E, também, devem ser adaptados a
cada região do Brasil, para ficar de acordo com os valores próprios de seus
habitantes, já que vivemos num país de dimensões continentais.
Benefícios do xadrez
A prática do
esporte “estimula o pensamento, a execução e a fluidez do raciocínio lógico, desperta
o espírito reflexivo e crítico, amplia a capacidade de tomada de decisões
autônomas, instiga a imaginação e a versatilidade de elaboração de planos,
potencializa habilidades como a paciência e a autoconfiança, demanda a
elaboração de estratégias para a resolução de problemas, ativa a concentração e
a memória, favorece o aprendizado de outras disciplinas, sobretudo a
matemática, desenvolve capacidades sociais, afetivas e morais dos alunos,
proporciona o respeito ao adversário através do espírito esportivo, dentre
muitas outras”.
Com tantos
benefícios, antecipa Jéssica, “o desafio, por aqui, é despertar gerações que se
aventurem pelo vasto universo das sessenta e quatro casas”!
O estudo de
Jéssica recebeu menção honrosa durante o Sexto Congresso de Iniciação
Científica USP-UNICAMP-UNESP e, em junho deste ano, a autora foi convidada para
apresentar seus resultados na conferência Trajetória Esportiva de Grandes
Mestres Brasileiros: Aspectos Socioculturais e Pedagógicos no Campo Social do
Xadrez, representando o estado de São Paulo no I Congresso Internacional de
Xadrez ocorrido em Campo Novo do Parecis, Mato Grosso.
Para dar
continuidade a suas pesquisas, Jéssica acabou de entrar para o curso de
mestrado do Programa de Pós-Graduação em Educação da Faculdade de Filosofia,
Ciências e Letras de Ribeirão Preto (FFCLRP) da USP.
SAIBA MAIS:
Criado em 14/03/16 11h53 e atualizado em 14/03/16 11h58
Por Agência USP de Notícias
Por Agência USP de Notícias
(EBC)
>>> DIVULGAÇÃO <<<
Nenhum comentário:
Postar um comentário